sexta-feira, 21 de junho de 2019

Romanos 3:5-6

                                 Romanos 3:5
 "Ε, se ο nossa injustiça prova α justiça de Deus, que  diremos? Acaso Deus, que castiga com ira, é injusto? (Falo como homem.)"


O pecado do homem pode exaltar ou justificar à justiça de Deus de uma das seguintes maneiras:

 

1. Destacando a justiça de Deus e focalizando sobre ela um a luz mais resplandecente, através do contraste. 

2. Mostrando que as declarações de Deus contra a natureza pecaminosa do homem são verazes, o que ilustra, portanto, a veracidade divina.


3. Mostrando que a condenação imposta por Deus e o seu julgamento contra o pecado são medidas justas e necessárias, pois, dentro da economia ética de Deus seria uma injustiça permitir que a perversidade humana fique sem freio, florescendo desimpedidamente.


4. O simples raciocínio humano mostra que deve haver justiça, que deve haver retribuição, disciplina e recompensa. Qualquer outro resultado não seria coerente com o que a própria razão humana requer da parte de Deus. Por conseguinte, se ao menos aplicarmos a razão humana mesmo sem o concurso da revelação divina,teremos de admitir, juntamente com o apóstolo Paulo, que os princípios divinos, conforme ele no-los apresentou, são justos.


5. De acordo com esses princípios, os judeus incrédulos, injustos como eram, não tinham razão alguma para supor que Deus, que sempre foi fiel às suas próprias promessas, haveria de olvidar-se do julgamento, mesmo que o pecado desses judeus, de uma maneira ou de outra, exalte e destaque a justiça de Deus, conforme foi descrito acima. A idéia que assim Deus faria, resultava de um raciocínio profano e depravado.

"...traz a lume" A palavra «...lume...» deriva-se de um vocábulo grego que significa «introduzir», «ordenar», ou seja, «magnificar», «comprovar», «estabelecer». (Ver II Cor. 7:11; Gál. 2:18 e Rom. 5:8). Neste versículo não transparece de forma algum a o pensamento que diz que, de algum a ־ maneira, a sob erania divina, em seus poderes de predestinação, requer a presença do mal, a fim de que a maldade resultante exalte a Deus, do modo como é sugerido acima, como se a maldade fosse uma legítima e necessária parte do sistema do m undo. Pelo contrário , a existência do mal no mundo é que cria esse difícil problema do mal, o que, tanto para a filosofia como para a teologia é um dos problemas mais difíceis e complicados:

3:8: Ε por que não dizermos: Façamos 0 mal para que venha o bem?Como alguns caluniosamente afirmam que dizemos; a condenação dos quais é justa.

O absurdo das perguntas precedentes leva-nos, de maneira inevitável, a um pensamento super absurdo, isto é, que podemos produzir o bem , praticando mal, o que poderia assumir uma das seguintes formas: 

1. Conforme essa declaração é aqui empregada, isso seria simplesmente o resultado lógico das perguntas que a antecederam. Pois se a minha mentira magnífica a verdade de Deus, e se a minha injustiça põe em foco mais claro a justiça de Deus, então estarei fazendo o bem ao praticar o mal; e até poderei fazer disso uma regra de vida e prática, daí por diante praticando toda a maldade que posso, a fim de que isso redunde na maior glória de Deus. 

2. Essa declaração, entretanto, tem um a conexão mais lata com Paulo e a sua vida e ministério do que o contexto parece aqui indicar. É indubitável que essa calúnia tenha sido assacada contra o apóstolo dos gentios, pelos judeu s, por muitas vezes, tendo sido usada até mesmo por crentes de inclinações legalistas, os quais faziam objeção à doutrina paulina da justificação pela fé. Todos esses viam nisso, com suas declarações contra o princípio legal como a fonte da vida eterna, uma licença para a prática do mal. Pois supostamente, aquele que é livremente justificado em Cristo, pouco tem a preocupar-se acerca das conseqüências de suas ações. Naturalmente, segundo Paulo deixa aqui subentendido, indignado como estava, isso é uma total perversão da doutrina da graça. Bem ao contrário disso, porém, a doutrina bíblica da graça insiste sobre diversos fatores, a saber: 

a.) Quando da justificação em Cristo, há um contato real entre a natureza divina e a natureza humana, não havendo meramente um pronunciamento judicial de absolvição. É verdade que esse pronunciamento absolvidor se verifica, mas isso não representa tudo.
b.) O indivíduo justificado passa a ser moradia do Espírito Santo, o qual é dado por intermédio de Cristo, mas que jamais poderia ter sido conferido através do princípio legal. Assim, pois, o indivíduo justificado é igualmente o indivíduo santificado(posicionamento) ,e o indivíduo não-santificado sob hipótese alguma pode ter sido justificado, porquanto existe uma operação do Espírito divino que inclui ambas as coisas.
c.) O indivíduo justificado e santificado, mediante o Espírito Santo que nele veio habitar, passa a possuir a atitude de obediência a todas as exigências da lei, a perfeita santidade de Deus, que é o grande alvo da lei mosaica, uma vez que a mesma seja espiritualmente entendida, e não apenas literalmente compreendida. 

d.) Essa transformação moral, que deve ser uma experiência real, se é que o indivíduo foi verdadeiramente justificado em Cristo, provocará a transformação metafísica segundo a imagem de Cristo, fazendo desse crente uma pessoa que participa de tudo aquilo que perfaz a pessoa do Filho de Deus; e isso significa que os remidos no sangue de Cristo virão a ser, finalmente, filhos de Deus literalmente falando, tornando-se gloriosos muito acima dos anjos, quanto à sua estatura metafísica. É exatamente por isso, por conseguinte, que o trecho de II Pedro 1:4 diz-nos que seremos participantes da própria natureza divina.

Ora, tudo isso excede em muito às esperanças mais queridas dos judeus. «Tais raciocínios se reduzem a isso, embora nós, que preguem os a salvação através da graça gratuita de Deus sejam os caluniosamente acusados de ensinar  quanto maior o mal praticado, tanto maior será a glória que redundará para Deus: um princípio condenável. Por conseguinte, ao invés de refutar esse princípio, o apóstolo pensa que basta entregar tal princípio à execração, como algo que choca o senso moral de todos». "...A condenação destes é justa..."

O PROBLEMA DO MAL

O presente texto, apesar de não expor particularmente uma discussão sobre esse problema, pelo menos O subentende. 
1. A reconciliação de seis elementos aparentemente irreconciliáveis:
 
a.) a onipotência divina 
b.) a benevolência divina 
c.) a existência do mal 
d.) o pronunciamento do julgamento inarredável contra o mal 
e.) a presciência de Deus que aparentemente força todos os acontecimentos, incluindo os de má natureza, ou que deixa de im pedir os mesmos, mediante a aplicação de medidas preventivas 
f.) a doutrina bíblica da predestinação 

2. Uma citação,que evidentemente põe em foco esse problema: "Ou Deus deseja remover o mal deste mundo, mas não pode fazê-lo; ou ele pode fazê-lo, mas não o quer; ou não tem nem a capacidade e nem a vontade de fazê-lo; ou, finalmente, ele tem tanto a capacidade como a vontade de fazê-lo. Ora, se ele tem a vontade, mas não a capacidade de fazê-lo, então isso mostra fraqueza, o que é contrário à natureza de Deus. Se ele tem a capacidade, mas não a vontade de fazê-lo, então Deus é mau, e isso não é menos contrário à sua natureza. Se ele não tem nem a capacidade e nem a vontade de fazê-lo, então Deus é ao mesmo tempo impotente e mau, e, conseqüentemente, não pode ser Deus. Mas se ele tanto tem a capacidade como a vontade de remover o mal do mundo (a única posição coerente com a natureza de Deus), de onde procede o mal (unde malum?), e por que Deus não o impede?

Quando falamos no mal, estabelecemos duas distinções, a saber: 


1. O mal moral, isto é, aquele que se deriva da vontade pervertida do homem, da desumanidade do homem contra os seus semelhantes.


2 . O mal natural, ou seja, os desastres, os dilúvios, os terremotos, os incêndios, os acidentes, as enfermidades e a morte, que é o maior de todos os males naturais.
Porque esses males existem? Por que Deus permite tais condições, sabendo de antemão que acontecerão, e sendo possuidor do poder de impedi-los? Antes de tudo, por que ele permitiu que o mal entrasse no universo, se Deus é inteiramente bom, e se faz parte de nossa teologia o fato que Deus tem o poder de governar conforme ele quiser, assim podendo impedir completamente a entrada do mal?
E, finalmente, por que Deus permite que essas condições subsistam?


Diversas soluções têm sido propostas para esse magno problema:


1. O ponto de vista natural.
De acordo com essa posição o Deus pessoal, onipotente e benévolo é substituído por um Deus materialista. Conforme os que assim dizem, tudo quanto existe é apenas a matéria, e tudo quanto acontece é apenas movimento da matéria. Portanto, matéria em movimento é tudo quanto se pode dizer a fim de descrever a existência. Quando se remove Deus do quadro, resta somente o mal; mas esse problema é solucionado no sentido que todo o mal é meramente alguma forma de perversidade ou acontecimento adverso acidental, que atinge coisas inteiramente materiais. Por exemplo, um terremoto seria apenas um reajustamento da crosta terrestre, nada tendo a ver com um Deus que prevê o desastre ameaçador, m as não o impede. Em conseqüência disso, não há nenhuma força inteligente que, por causa desse conhecimento anterior, possa fazer cessar os acontecimentos. Assim, pois, o citado terremoto não é nenhum mal, mas tão-somente uma ocorrência mecânica.
Porém, de conformidade com esse ponto de vista, o homem é reduzido a um ser desamparado. O "existencialismo ateu", que se apega a esse parecer, chega ao extremo de dizer que o homem é uma piada da natureza. Sua existência ocorreu por puro acaso, em um mundo caótico. A alma e Deus são apenas suas invenções mentais, na tentativa de impor ordem e esperança a algo que verdadeiramente é destituído de ordem, ou, pelo menos, de ordem moral, e que, certamente, não é acompanhado de esperança alguma.
Na realidade, esse ponto de vista somente contribui para agravar o problema do mal, porquanto não oferece para o mesmo nenhum a solução. Na verdade, declara francamente que não há solução para tal problema. Somente na aparência remove o mal, mas, na realidade, aprofunda o desespero causado pela existência do mal.


2. O ponto de vista deísta.
Segundo essa posição, existe um Deus, que é o criador. Todavia, Deus não se faz presente no mundo, e nem mantém qualquer interesse pelo mesmo. Não galardoa e nem pune às suas criaturas morais, como o homem, e nem orienta as leis naturais que ele pôs em movimento, mas antes, abandonou-as como coisas inteiramente mecânicas, a fim de que governassem sozinhas o universo. Mas essa posição equivale ao ateísmo prático, ao mesmo tempo que, teoricamente, se aferra à ideia da existência de algum a força ou forças superiores. Todavia, de acordo com todas as considerações práticas, esse ponto de vista é idêntico ao primeiro, porquanto, segundo o mesmo, não há nenhum Deus em vinculação com este mundo. E assim, até onde nos diz respeito, tudo quanto existe é apenas a matéria , e tudo quanto acontece é somente movimento.( Irei postar um artigo sobre O Deus Imanente,fique ligado). Essa era a ideia que Epicuro fazia da existência de Deus, e, com a passagem dos séculos, muitos têm vindo a aceitar tal conceito, incluindo o famoso e profano filósofo francês, Voltaire. A 1  de novembro de 1775, um terremoto matou cinqüenta mil pessoas em Lisboa, Portugal. Voltaire ficou profundam ente amargurado contra Deus, por causa disso, ainda que a sua posição intelectual sobre a questão fosse o «deísmo». Ele descobriu ser possível alguém ficar amargurado contra um Deus cuja existência nega, o qual, de acordo com esse mesmo conceito, não poderia ter qualquer responsabilidade em relação ao que aconteceu.


3. O ponto de vista do pessimismo.

Os que tomam essa posição afirmam que Deus realmente existe e é onipotente; porém, não é um Deus benévolo. Assim sendo, o mal existe realmente, e até pode ser provocado pelo exercício da vontade de Deus. Esse era o ponto de vista do filósofo alemão Schopenhauer, o qual considerava que a própria existência é um mal, tendo dito: "O maior pecado do homem é que ele nasceu". O ideal seria que todas as coisas cessassem de existir, por um a determinação da vontade universal (que teria loucura pela vida), revertendo essa sua tendência, e levando todas as coisas, inclusive a si mesmo, a desaparecerem da existência. De conformidade com esse ponto de vista, o problema do mal é apenas o problema da existência, porquanto o simples existir já é um mal. E isso leva os seus propagadores a verem formas do mal em todas as coisas. 

4. O ponto de vista do otimismo. 

A despeito de seus muitos problemas, de acordo com os que assim afirmam, o mundo é o melhor dos mundos. Alguns politeístas aceitavam a existência de algum deus ou deuses bons, que não eram, entretanto, todo-poderosos, ou seja, não eram onipotentes; e que, por isso mesmo, eram incapazes de impedir a atuação do mal sobre o mundo. De fato, conforme diziam tais indivíduos, o mal pode ser tão ou mais antigo que esses deuses. A luta entre o bem e o mal é perfeitamente real, não podendo haver certeza da esperança que o bem prevalecerá por fim. Esse ponto de vista, infelizmente, tem sido defendido por alguns cristãos, os quais não aceitam a onipotência absoluta de Deus, mas que acreditam em sua bondade e em seu "grande" poder, mantendo assim a esperança de que ele conseguirá fazer com que o bem, finalmente, prevaleça.

 5. O ponto de vista cristão. 

Seria melhor falarmos em pontos de vista cristãos; pois nem todos os cristãos estão de acordo sobre o problema do mal. 

Assim sendo, devemos destacar as seguintes posições cristãs: 

a.) Alguns cristãos, conforme foi mencionado acima, aceitam a realidade do mal, mas limitando o poder de Deus, apesar de manterem a sua bondade. Esses têm a esperança de que o bem conseguirá triunfar, finalmente. O mal não seria proveniente de Deus, e, sim, de outros poderes, inteligentes ou meramente mecânicos, conforme se vê na natureza; e Deus nem sempre teria perfeito controle sobre tais poderes. 

b.) Teólogos-filósofos como Agostinho e Tomás de Aquino, têm procurado solucionar o problema da existência do mal, afirmando que o "mal", como um a entidade positiva, realmente não existe. (Ver A Cidade de Deus, de Agostinho, cap. XI). Pelo contrário, o mal seria algo negativo, isto é, a ausência do bem, o vácuo, tal como o frio é a ausência do calor, ou como as trevas são a ausência da luz. O mal existiria no próprio homem, posto que no homem há um vácuo'da boa influência divina. O mal seria, realmente, o bem mal orientado, mas não uma entidade positiva, em si mesma. 

Isso parece explicar algum as formas de mal, de forma adequada, mas não pode explicar muitas de suas formas; e nem as mentes mais não-filosóficas ou mesmo filosóficas se satisfazem inteiramente com essa explanação . A pós exame, tudo se reduz a um  ponto de vista "simplório" sobre a existência do mal. 

Foi uma posição criada para aliviar Deus de haver criado ou de estar permitindo o mal, o que ele poderia ter-se recusado a fazer, sendo um ser todo-poderoso, se porventura assim tivesse querido fazê-lo. Eliminar a existência do mal deste mundo, mediante alguma explicação racionalizadora, não dá solução ao problema, mas tão somente oculta cruamente o mesmo, não passando tudo de um truque filosófico. 

c.) Alguns cristãos têm procurado encontrar soluções parciais, negando a realidade da presciência de Deus. Assim sendo, no que diz respeito à entrada do pecado no mundo, e no que tange à escolha do homem,aceitando ou rejeitando a Cristo.Deus como que eliminou a sua própria presciência, pelo que é incapaz de impedir o mal ou de influenciar os acontecimentos dessa natureza. Mas essa posição faz de Deus menos do que Deus, e não é a posição defendida pelas Escrituras. Soluciona o problema do mal apenas parcialmente, porquanto se pode dizer que o mal é um produto inteiramente da feitura do homem, o qual, por assim dizer, apanhou Deus inteiramente de surpresa. Porém, ao solucionar assim parcialmente o problema do mal, essa posição cria um problema, relativo ao conceito de Deus, e o resultado disso é dos mais abomináveis para a maioria dos cristão s . Agostinho mui astutamente procurou demonstrar que a "presciência" não exige necessariamente o "determinismo"; mas isso em nada nos ajuda neste ponto, porquanto tudo quanto essa posição afirma é que Deus, desconhecendo o que estava prestes a acontecer, naturalmente não foi capaz de sustar, pelo que também não é o responsável e nem é o autor do mal no mundo. 

6. Ponto de vista do Novo Testamento. Não existe qualquer passagem neotestamentária que se lance à tentativa de dar algum a explicação completa sobre esse problema; por conseguinte, o melhor que se pode fazer é recolher implicações de vários lugares, a saber: 

a.) Sob hipótese alguma se pode pensar que Deus é o originador do mal; mas para muitos, o próprio fato que ele permitiu que o mal entrasse no mundo, através da vontade pervertida, angélica ou humana, mostra-nos que deve haver algo mais importante para Deus realizar do que meramente impedir que a sua criação ficasse maculada pelo mal. 

b.) Tanto os seres angelicais como o homem foram feitos dotados de livre-arbítrio, o que significa que têm a potencialidade de se inclinarem para o mal. E essa potencialidade foi que deu margem ao fato. O fato do mal é assim atribuído à "queda", angelical ou humana. (Ver Gên. 1; Isa. 14:12 e ss. e Rom. 5:12 e ss.). 

c.) Mas o problema surge quando aplicamos a "presciência" de Deus e a sua onipotência, juntamente com a sua benevolência. Deus percebeu que o mal se aproximava, e poderia tê-lo impedido; no entanto, não o fez. Por quê? Só podemos responder que existe algo mais importante para Deus do que impedir o mal; que deve haver algum alvo mais elevado, que ocupou o lugar mais importante nos pensamentos de Deus. E neste ponto contradizemos o antigo filósofo Epicuro, asseverando que o fato de Deus não ter impedido o mal, não tendo sido o mal uma criação divina, não pode ser tomado como uma demonstração de "malignidade" da parte de Deus. 

d.) Pelo menos no caso do homem, podemos atribuir um a razão pela qual Deus não impediu o mal. A fim de que o homem seja levado à transformação segundo a imagem de Cristo , é mister que seja um ser totalmente livre, porquanto essa é a natureza de Cristo; outrossim , o homem não poderia ser bom obrigatoriamente, e, sim, por escolha própria; também teria de aprender a fazer essa escolha voluntariamente, sabendo que o bem é sempre melhor do que o mal. Somente se o homem pertencesse a essa categoria de ser é que poderia vir a ser perfeito, à semelhança de Cristo, tornando-se assim participante da natureza divina. ( Rom. 8:29; Efé. 1:23; II Ped. 1:4). Por conseguinte, a ascensão do homem, para que venha a participar da posição de Cristo, para que chegue à sua plenitude, sendo ele quem preenche a tudo em todos, só poderia tornar-se uma realidade sendo ele um ser inteiram ente livre, alguém que já aprendeu, pela dura experiência, que o bem deve ser escolhido por seu próprio valor intrínseco, ao invés do mal. Isso explica, pelo menos em parte, por que Deus permitiu a queda do homem, embora não tivesse sido o seu causador. Esse elevado alvo do homem é mais importante para Deus do que o de impedir a entrada do mal no mundo.

7. O problema que indaga por qual razão Deus permite que o mal prossiga é mais fácil de compreender e de explicar que o problema de sua origem.
Assim, pois, o mal continua existindo no mundo, pelos seguintes motivos:
a.) Para servir de lição objetiva para o homem ;
b.) Para servir de punição contra o pecado;
c.) para servir de testemunha do fato que praticar o bem é melhor do que praticar o mal; 
d.) para servir de contraste com a verdade e a bondade de Deus, o que mostra aos homens em que consiste a santidade verdadeira, em extensão maior e mais clara do que seria possível, se o homem fosse um autômato, que jamais pudesse experimentar pessoalmente do mal (conforme fica subentendido no terceiro capítulo desta epístola aos Romanos), e. Tragédias, desastres, doenças, a morte , nos ensinam que somos criaturas dependentes, isto é, devemos depender de Deus para estabilidade, paz, bondade. Só em Deus temos a nossa eternidade. Através dos resultados do pecado, que inclui o mal tanto moral como natural, porquanto tudo resulta da desordem que o pecado introduziu no universo, Deus ensina aos homens a grande lição que é melhor seguirem a ele do que a Satanás, porquanto "todas as maçãs do diabo têm vermes ocultos"; e que, eventualmente, o bem deverá ser livremente preferido, devido ao seu próprio valor intrínseco, de modo absoluto, sem qualquer lapso; pois, de outra forma, o mal terá continuação.
Essas lições são duras, mas necessárias, a fim de que seres inteligentes, como os anjos e os homens, possam tirar verdadeiro proveito da existência. O mal presentemente existente mostra-nos claramente que o mal nos conduz a um alvo errado, quais os maléficos resultados do pecado, e que quanto mais intensos são esses resultados do mal, presumivelmente mais clara é a lição recebida. Por meio do mal que há no m undo, Deus é capaz de mostrar-nos quão excessivamente maligna é a natureza do pecado, e essa é a lição de que necessita o universo inteiro. E isso nos leva a perceber que a alma humana sempre sofre o que merece, devido às suas ações, presentes ou passadas; e que, por outro lado, sempre se beneficia em face daquele bem que tiver praticado , sem importar se isso sucedeu nesta esfera ou em outras quaisquer.
8. Algumas passagens bíblicas, como o nono capítulo da epístola aos Romanos, parecem ensinar que Deus predestinou os homens para um curso que não conduz a ele, no caso dos que estão reservados para a perdição; e isso significa que o mal é o curso determinado para essa gente.Não ha uma via dupla,pois como agiria na   vontade humana sem destruir  o seu livre-arbítrio ? Não há como explicar  como isso poderia  suceder,pois é um paradoxo, isto é, um ensinamento que se contradiz. Não há resposta para tal paradoxo, como também não descobrimos solução para como Jesus Cristo pode ser, ao mesmo tempo, divino e humano, ou para como Deus pode ser um e três, ao mesmo tempo. Todo paradoxo aparentemente se contradiz; porém, suas partes componentes são apenas outros tantos aspectos da mesma verdade.
Porém , como é que isso pode ser, não sabem os dizê-lo.
9. Àquilo que não podemos explicar, e para o que, na realidade, não dispomos.
De qualquer solução perfeita, como é o caso do problema do mal, ainda assim podemos aplicar o princípio da "fé". Podemos crer que o Juiz de todos tem feito e continuará fazendo o que é direito, ainda que não compreendamos plenamente como isso tem sucedido. Cremos, outrossim , que o bem é o grande alvo de todo o mal, apesar de não sabermos dizer como isso acontecerá. Essa fé, juntamente com quaisquer explanações que porventura possamos formular, é melhor do que sacrificar a fé  na existência e na bondade de Deus, ou do que o enfraquecimento ou a eliminação de qualquer outro de seus atributos, como o seu poder, o seu conhecimento ou a sua benevolência, conforme todos os outros sistemas são forçados a fazer.
10. A missão de Cristo tem efeitos absolutamente universais, e não pode falhar. Isto aprendemos de passagens como Col. 1:16, E fé. 1:23 e I P ed . 3:18-4:6. Estes versículos ensinam um «humanismo cristão», no qual, afinal, Cristo recebe de novo tudo que ele criou, e para o bem -estar de tudo e todos. Isto não fará de todos, «eleitos», mas certamente resolverá completamente o problema do mal.

Voltando ao versículo 5...
Deus é onipotente. E por que ele permite o mal? 
A própria existência do mal subentende que Deus  permite. E se essa ideia for comparada à declaração existente neste versículo, fica subentendido que essa permissão (ainda que Deus não seja visto como o ser que deu geração ao mal) foi dada a fim de que a maldade, dali resultante, de alguma forma magnifique o nome de Deus. Portanto, Deus permite o mal a fim de exaltar seu próprio nome. Isso é o que está implícito na objeção apresentada pelo hipotético judeu incrédulo, o que lança uma sombra pervertida sobre a compreensão inteira da santidade de Deus, em relação à sua onipotência. Não existe explicação inteiramente satisfatória para a existência do mal dentro da criação de Deus, ainda que o oitavo versículo deste capítulo procure expor uma explanação parcial. Este versículo constitui a segunda de três perguntas que se fazem nesta passagem, a respeito dos judeus, os quais não se dispunham a reconhecer a força dos argumentos de Paulo no primeiro e no segundo capítulos de sua epístola aos Romanos, argumentos esses que mostravam o erro da posição da incredulidade, quer dos gentios, quer dos judeus. 
No que tange à significação geral deste versículo, quando o mesmo é corretamente considerado e interpretado por outros autores, abaixo damos algumas citações exemplificadoras: 
«Assim sendo, quanto mais infiéis nos mostrarmos, tanto mais ilustre aparecerá em contraste a fidelidade de Deus; e, nesse caso, vingar-se Deus da nossa in fidelidade seria (falando conforme dizem os homens mui profanamente) uma injustiça da parte de Deus». (Brown,). 
Isso faz parte do que já foi expresso na exposição, mais acima. «Se o nosso pecado dá motivos para que a graça abunde, se a nossa culpa permite que a generosidade que Deus demonstra em sua aceitação rebrilhe de forma ainda mais maravilhosa, por meio de contraste, então ‘que diremos? seria Deus injusto, por descarregar a sua ira contra nós’, quando nosso perdão ilustraria a sua graça gratuita? seria Deus injusto? não seria Deus injusto?» (Moule). Essa interpretação de Moule não é muito comum, no que concerne a este versículo. 
É muito difícil que esse seja o sentido das palavras de Paulo, aind a que tal sentido possa ser subentendido. Essa é a ideia expressa em Rom. 6:1; mas, quando muito, tem aqui apenas um a aplicação indireta, ainda que seja um pensamento que deve ter subido às mentes dos judeus que faziam objeção à doutrina bíblica da graça, como se a graça divina não somente permitisse mas até mesmo encorajasse um a vida pecaminosa. 
Nesta altura do terceiro capítulo de sua epístola aos Romanos, entretanto , Paulo ainda não chegara a discutir sobre o perdão gratuito da graça divina, porém, tão-somente abordava a questão da justiça do castigo divino contra a maldade dos homens, a despeito do fato que os que seriam assim julgados faziam parte do povo compactuado com Deus. «Conforme diz essa objeção quanto mais ímpios formos, tanto mais a sua fidelidade às suas antigas promessas teria de ser admirada. E, nesse caso, Deus não apareceria como alguém injusto , por tirar vingança e por castigar-nos?»

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