quarta-feira, 20 de maio de 2020

Que tenho eu contigo João 2:4

                                        QUE TENHO EU CONTIGO MULHER ( João 2:4 )

Pastorzão,tentei expor de uma forma que te deixasse o mais livre possível para uma interpretação pessoal ok,creio que abri um leque para voce.

Obrigado pela confiança e sempre que achar necessário estarei por aqui

Abraços,amo você



Nos evangelhos é tratado sobre o "segredo messiânico",onde Marcos de maneira mais enfática mostra Jesus evitando propositadamente dizer ou fazer algo que revelasse diretamente suas reivindicações messiânicas,somente mais tarde diante de pressões políticas e religiosas se fez necessário.

Muitas suposições tentam explicar essas razões que vai desde a dúvida do próprio Jesus sobre sua missão até a de proteger-se de uma mentalidade radical política.

Jesus veio estabelecer um reino,mas este reino é de caráter espiritual e não política,noções completamente diferentes dos judeus que pudesse acolher esse Reino Espiritual,assim essa revelação foi adiada o máximo para que tivesse tempo de preparar aquele povo através do arrependimento e o novo nascimento,que são características essenciais para se receber o Reino Espiritual.

Sem entrar neste mérito,o certo é que essa revelação foi adiada,mostrada principalmente por Marcos.

Já no Evangelho de João,desde o início do livro Jesus é visto como aquele que revela a si mesmo e o seu ofício messiânico:

Em Caná Ele dá inicio ao seus milagres e se compararmos os versículos 4 e 11 veremos como Ele enfatizou que esse milagre daria  início a manifestação da glória divina,selecionado para acontecer num momento particular  ou seja "na hora certa",no dia "determinado ".

João mostra essa faceta mais miraculosa  do que os outros evangelhos,já que seu objetivo é mostrar que Jesus é Deus,onde o lado humano de Jesus será menos visto,assim o material messiânico de João é exposto desde o início.

                     O PRIMEIRO MILAGRE DE JESUS

Inclusivamente,era comum na cultura grega  computar a passagem do tempo ("três dias"),isso ajuda a determinar os dias ( hoje seria o primeiro dia,amanhã o segundo dia,depois de amanhã o terceiro dia).Quando lemos João 1:3 vemos que se passara um dia inteiro entre o momento do chamado de Filipe e o casamento em Caná e que agora era o terceiro dia daquele acontecimento.Podemos afirmar que o casamento aconteceu 3 dias depois do chamado de Filipe.

Os casamentos perduravam por cerca de 7 dias,logo novos convidados chegavam todos os dias,entrando e saindo,outros permanecendo ( igual a casa do apóstolo Sandro kkk ) e o vinho era servido livremente,sendo normal a ameaça que esse suprimento acabasse,e normal a prestes a acabar a festa uma qualidade inferior de vinho fosse servido,substituindo o vinho de mais qualidade servido no início da festa.

Esses casamentos incluíam uma série de entretenimentos ( Marcos 22:2),assim Jesus chega perto do fim da festa provavelmente e o vinho estava acabando ou acabara.

Caná da Galileia é para a distinguí-la de outra Caná (Síria) mencionada em outros 3 trechos do Evangelho de João e escolhida para o acontecimento deste primeiro milagre.

É aqui que Jesus cura o filho do nobre que jazia enfermo ( 4:46-50 ),onde habitava Natanael ( 21:2 ) . Um lugar com muitas fontes de água e muitas figueiras com muitas sombras ( 1:48 ).

Nesta ocasião,Maria a mãe de Jesus,que curiosamente quase nunca João menciona seu nome(José é mencionado apenas em 1:45,o que alguns acham que ele tenha falecido na meninice de Jesus,razão de não ser mencionado mais )

Ninguém sabe a causa do convite de Jesus e seus discípulos,mas provavelmente um vínculo grande amizade ( provavelmente o evangelista João) e um convite numa conexão com Maria.Um grupo formado de 6 pessoas: Jesus, João, André, Pedro, Filipe e Natanael.

Provavelmente que essa festa de casamento fosse uma festa em família, e alguns crêem que tenha servido tanto como ponto inicial do ministério público de Jesus, em seus milagres, como ponto final de suas relações terrenas com os seus familiares, conforme Jesus conhecera os membros de sua família durante os seus anos de preparação.

Jesus estava abandonando o isolamento e a obscuridade da vida doméstica a fim de entrar em seu ministério público; e esse evento assinalou a transição.(algo comum no inicio de ministério dos grandes homens de Deus ),calculado a convencer os seus irmãos e as suas irmãs, bem como os seus amigos, da realidade de sua missão messiânica, convertendo-os assim para as suas relações espirituais.

Jesus não levava a vida de um asceta, a exemplo de João Batista, e é evidente que Jesus não evitava as festividades locais, mas até mesmo participava delas, de certa maneira. Em alguns casos até ao ponto do exagero, encontrando nessa ação de Jesus uma condenação geral às ordens religiosas que se retiram da sociedade,, além de uma sanção à santidade do matrimônio.

Mas aqui João mostra essa ocorrência pode indicar que o cristianismo não deve fugir do mundo, e, sim, servir de elemento transformador e influenciador neste mundo, não sendo um elemento de aniquilação da ordem da natureza, mas antes, um elemento santificador dessa ordem. ( O cristianismo não deve caracterizar-se pela morosidade do espírito, e, sim, pela alegria e pelo regozijo, servindo de instrumento para servir e para aprimorar a sociedade, o que requer associações com ela, embora sob condições aceitáveis aos elevados padrões morais do cristianismo neotestamentário.)

É apenas natural que o vinho estivesse escasseando, especialmente em face da chegada de sete novos convidados, isto é, Jesus, sua mãe, e os cinco discípulos dele. E fora de qualquer dúvida que a situação era assaz embaraçosa, tanto para a mãe de Jesus como para o anfitrião. 

A razão pela qual Maria se aproximou de Jesus com esse problema, e alguns explicam que ela simplesmente esperava que de alguma maneira ele pudesse ser capaz de prestar ao casal alguma ajuda, embora não esperasse qualquer milagre (essa é provavelmente a explicação mais certa); mas outros fazem deste versículo um ensinamento altamente teológico, ensinando que Maria esperava alguma espécie de milagre da parte de Jesus, e que, por isso mesmo, explicou a ele a situação. 

É verdade que a resposta de Jesus, no vs. 4, parece subentender que ela esperava dele alguma modalidade de sinal especial; ou é possível que ele soubesse que algum sinal especial se tornava necessário naquela conjuntura, a fim de satisfazer à necessidade do momento,incidentalmente, naquele caso, a de produzir mais vinho, a fim de prestar ajuda ao anfitrião da festa; mas, essencialmente, a necessidade de completar o plano que exigia que, naquela ocasião, ele desse início às manifestações da sua glória.

Algumas explicações:

1. Maria estava sugerindo que o seu grupo abandonasse a festa de casamento, a fim de aliviar o problema da falta de vinho. 

2. Crisóstomo e outros acreditavam que Jesus já havia operado alguns milagres, e que Maria estava na expectativa de mais um milagre. 

3. Existem diversas outras explicações teológicas, tais como aquela que afirma que a missão messiânica de Jesus era conhecida de Maria, e que ela percebera, intuitivamente, que a situação que ali se oferecia apresentava o palco certo e o tempo mais apropriado para Jesus revelar a sua autoridade e o seu poder, o que poderia ser feito como uma forma de primeiro anúncio público de seu caráter messiânico; e que, tendo ela tal conhecimento, exortou-o a agir de conformidade com isso. 

2:4: Respondeu-lhe Jesus: Mulher que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.

Este versículo se tem transformado no fulcro de uma gigantesca controvérsia, que gira em torno da atitude para com sua mãe e das relações familiares que mantinha para com ela. 

As duas expressões principais, primeiramente a forma de tratamento—mulher— e, em segundo lugar, as palavras «que tenho eu contigo», têm recebido grande variedade de interpretações. Os protestantes se têm apegado a ambos os pontos como oportunidades para combater a mariolatria ou adoração a Maria, procurando mostrar que o próprio Jesus não tinha a sua mãe em tão elevado conceito conforme tem sido interpretado pela igreja ocidental.

1. Quanto ao tratamento—mulher

De acordo com alguns estudiosos, isso não foi um termo de desrespeito, mas foi calculado para «pôr Maria em seu devido lugar», digamos assim. Essa interpretação é áspera, e não se alicerça em como tal forma de tratamento teria sido compreendida nos idiomas antigos, mas antes, como soa nas linguagens modernas. Por exemplo, proferi-lo em português ou em inglês, isso não indicaria necessariamente um desrespeito, e, sim, tão-somente uma forma de repreensão. Rara seria realmente a ocasião, entre nós, em que um filho, que tivesse qualquer respeito por sua progenitora, se dirigisse a ela como mulher. Mas isso simplesmente não ocorria no caso do idioma em que Jesus falava, e nem mesmo entre os gregos. A despeito do fato de que o idioma grego, com esse termo, não subentenderia qualquer desrespeito, alguns interpretam o fato dizendo que Jesus repreendeu suavemente à sua progenitora, ou por motivo dessa forma de tratamento, ou por causa da cláusula que se segue, ou por causa da combinação de ambas as coisas.

2. A própria forma de tratamento não teria qualquer laivo de desprezo, e nem mesmo de reprimenda. Augusto dessa maneira se dirigiu a Cleópatra, rainha do Egito (Dio, segundo é citado por Lange), e Jesus, compassivamente, assim tratou mais tarde a Maria Madalena, segundo vemos em João 20:15. Jesus também assim tratou sua mãe, estando já crucificado, ao entregá-la aos cuidados de João, conforme se vê no trecho de João 19:26. Outrossim, nos escritos das tragédias gregas, essa forma de tratamento é constantemente utilizada quando alguém se dirige a rainhas ou a outras mulheres distintas. 

3. Existem certas interpretações historicamente anacrônicas, como a de Calvino, que asseverava que essa forma de tratamento foi usada por Jesus a fim de corrigir o futuro abuso e superstição da adoração à virgem. Porém, por mais errônea que seja essa adoração, isso não está em foco na forma de tratamento usada pelo Senhor Jesus.

"....que tenho eu contigo?..."

1 . O grego por detrás do texto pode ser corretamente traduzido como o é na versão portuguesa aqui usada—«que tenho eu contigo?»—e isso parece indicar a impaciência de Jesus com a interferência indevida de Maria. 

2. Alguns reduzem essa cláusula a algo semelhante com: «Não se importe; não se preocupe», e isso implicaria em não ter havido qualquer repreensão. ( gosto dessa )

3. Outros intérpretes  ao combaterem a mariologia e a mariolatria, dão um tom muito severo a essas palavras, como se Jesus tivesse respondido à sua mãe com aspereza. Entre os intérpretes, portanto, essa repreensão é considerada «suave», «áspera» ou em algum grau entre esses dois extremos. 

Meyer : «Cristo, na consciência de seu poder e de sua vontade mais elevados, capazes de operar milagres, como se fora alguém destituído de mãe, repeliu a interferência da fraqueza feminina, que neste caso o confrontava na pessoa de sua própria mãe». 

Trench assevera : «Há certo indício de reprimenda e repulsa nessas palavras». 

Alford  afirma: «A resposta dada pelo Senhor, sem qualquer dúvida, importa em repreensão e renegação da participação segundo as bases em que o pedido fora feito».

4. Os intérpretes católicos, por sua vez, explicam que a aparente severidade foi expressa não tanto por causa de Maria, mas por nossa causa,a fim de ensinar-nos que Jesus realizava os seus milagres não por consideração a qualquer relação humana, mas por motivo de amor e por consideração para com a glória de Deus. (Assim pensavam Bernardo e Maldonado).

5. Outros intérpretes removem inteiramente o elemento de reprimenda, dando uma tradução alternada (e possível), a essa cláusula: «Que temos eu e tu a ver com isso?». Isso equivaleria ao seguinte: «Não te importes com essa questão, que ela não nos diz respeito». Abundam ainda muitas outras interpretações, a maioria das quais pertencentes a subcategorias daquelas que alistei acima. A interpretação de quem quer que seja é governada pelo passado religioso particular, posto que as palavras do texto dão margem a flexibilidade de compreensão; todavia, parece-me mais provável que a expressão usada por Jesus contém alguma forma, ainda que suave, de reprovação ou repreensão a Maria. Vincent parece atingir o alvo em cheio, quando diz: «Embora de forma gentil e afetuosa, Jesus rejeitou a interferência dela, tencionando dar solução ao problema à sua própria maneira» .

"...Ainda não é chegada a minha hora...". 

Isso subentende que Jesus sabia que, mediante aquela circunstância, ele haveria de fazer sua primeira declaração de autoridade messiânica, e que tal declaração ou manifestação teria de ser feita no momento estabelecido pelo juízo de Deus, e não de conformidade com o que Maria julgasse ser mais conveniente. 

Todavia, isso não significa necessariamente, conforme alguns querem dar a entender, que Maria tentou propositalmente provocar o apressamento da manifestação messiânica de Jesus, ou mesmo que ela tivesse consciência do caráter messiânico de seu filho, ou que ela estivesse cônscia de que algum acontecimento especial, ou alguma combinação especial de eventos, estivessem sendo esperados para que fosse feito o primeiro anúncio messiânico.

Não obstante, essa resposta de Jesus indica que tais pensamentos estavam bem presentes na mente de Jesus, e essa consciência de sua missão messiânica é refletida em sua réplica. Assim sendo, tal resposta reverbera a consciência messiânica não de Maria, e, sim, de Jesus. 

O termo hora, segundo é utilizado nas páginas do N.T., no que diz respeito a Jesus, sempre subentende alguma crise especial ou acontecimento importante, e o próprio Jesus lançou mão do termo para indicar a sua crucificação e a sua ressurreição subseqüente. O vs. 11 define a natureza dessa hora como o momento de sua «glória»; e isso, neste evangelho de João, só pode significar a sua manifestação como Messias. (Quanto ao termo «hora», em conexão à morte de Jesus, veja os textos de João 7:30; 8:20; 12:23,27; 13:1 e 17:1). 

Para o autor sagrado do quarto evangelho, os sinais operados por Jesus foram exibições de sua glória peculiar como Messias, e como Filho de Deus, em sentido todo especial; e a sua completa glorificação, à face da terra, foi a consumação do seu sacrifício na cruz, e da sua subseqüente ressurreição

Existem ainda outras interpretações, como sejam: 

1. Que Jesus referiu-se tão-somente ao milagre de transformar a água em vinho, e que essa ação deveria esperar pelo momento mais apropriado. Mas essa interpretação ignora a implicação dada pelo versículo décimo primeiro, e por isso fica aquém da intenção do autor sagrado. 

2. Que estaria em foco a revelação da glória, mas não necessariamente a autoridade messiânica de Jesus. Essa segunda interpretação ignora o intuito inteiro do evangelho de João, bem como a declaração cristalina de que os sinais serviram para provar que Jesus é o «Filho de Deus», que é o título messiânico especial deste quarto evangelho. (Ver João 20:30,31). 

3. Outros intérpretes dizem que se tratava da hora da morte de Jesus. Mas essa explicação não faz sentido em face do contexto.

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