A CRIAÇÃO DO HOMEM
"Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da
terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o
homem passou a ser alma vivente." (Gn 2.7.)
No início, Deus criou o homem, formando-o do pó da terra.
Depois soprou "o fôlego de vida" em suas narinas.
Tão logo o fôlego de vida, que se tornou o espírito do
homem, entrou em contato com o corpo, a alma foi
gerada.
Portanto a alma é resultado da união do corpo
com o espírito. E por isso que as Escrituras chamam o
homem de "alma vivente". O fôlego de vida tornou-se
o espírito do homem, que é o princípio de vida que há
nele. O Senhor Jesus diz que "o espírito é o que vivifica" (Jo 6.63). Esse fôlego de vida vem do Senhor da
criação.
Todavia não devemos confundir o espírito do homem com o Espírito Santo de Deus. Este último é diferente do espírito humano. Podemos ver essa diferença em Romanos 8.16, que declara que o "Espírito
testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus"
O termo original traduzido
como "vida" na expressão "fôlego de vida" é chay, e
está no plural. Isso pode estar indicando que o sopro
de Deus produziu uma vida dupla: a vida da alma e a do espírito.
Quando o sopro de Deus entrou no
corpo do homem, tornou-se o espírito do homem. Assim que o espírito interagiu com o corpo, a alma passou a existir. Essa é a origem da vida do espírito e da
alma .
Precisamos reconhecer, porém, que esse espírito não é a própria vida de Deus, pois "o sopro do
Todo-Poderoso me dá vida" (Jó 33.4).
Também não
se trata da vida eterna de Deus, nem tampouco da vida de Deus que receberemos por ocasião da regeneração.
Essa vida, a que recebemos no novo nascimento,
é a própria vida de Deus tipificada pela árvore da vida. Nosso espírito, embora existindo permanentemente, é destituído da "vida eterna".
A expressão "formou ao homem do pó da terra" refere-se ao corpo do homem.
A frase "e lhe soprou nas
narinas o fôlego de vida" fala do espírito do homem,
que veio de Deus.
"E o homem passou a ser alma vivente" relata a criação da alma do homem, quando o
corpo foi vivificado pelo espírito e ele se tornou um
ser vivo e consciente de si.
O homem completo é uma
trindade.Composto de espírito, alma e corpo.
De
acordo com Gênesis 2.7, ele foi feito de apenas dois
elementos independentes: o corpóreo e o espiritual.
Contudo, quando Deus soprou o espírito dentro daquela estrutura de terra, a alma foi gerada. O espírito
do homem, em contato com o corpo inanimado, gerou
a alma. O corpo separado do espírito estava morto;
com o espírito, porém, o homem passou a viver.
O elemento constituinte que resultou disso foi chamado
de "alma".
A frase "e o homem passou a ser alma vivente"
não expressa apenas o fato de que a combinação do espírito com o corpo produziu a alma. Indica, também, que o espírito e o corpo estavam completamente
fundidos nessa alma.
Em outras palavras, a alma e o
corpo estavam juntos com o espírito, e o espírito e o
corpo, fundidos na alma.
"Em seu estado anterior à
queda, Adão nada sabia dessas incessantes lutas entre
espírito e carne, que, para nós, são experiências diárias.
Suas três naturezas se uniam perfeitamente, formando uma só. A alma, como fator de unidade, tornou-se a base de sua individualidade, de sua existência como ser distinto." (Pember's Earth's Earliest Age.)
O homem foi denominado "alma vivente" porque
era nesta que o espírito e o corpo se encontravam, e
nela também se manifestava sua individualidade.
Talvez possamos usar uma ilustração, ainda que imperfeita.
Se derramarmos um pouco de tintura num copo
d'água, os dois elementos vão se misturar, formando
algo diferente, a tinta de escrever. Da mesma forma,
espírito e corpo, dois elementos independentes, unem-se tornando-se alma vivente.
(A analogia não é perfeita porque a alma, gerada pela combinação do espírito
com o corpo, torna-se um elemento independente e
indissolúvel, tanto quanto o espírito e o corpo.)
Deus dispensou um tratamento todo especial à alma do homem.
Os anjos foram criados como seres
espirituais; o ser humano, predominantemente como
alma vivente.
O homem, além de ter corpo, possuía
também o fôlego da vida. Por isso tornou-se alma vivente também. Assim é que, nas Escrituras, Deus freqüentemente se refere aos homens como "almas".
E
por que isso?
Porque aquilo que o homem é depende
de como é sua alma. Esta o representa e expressa sua
individualidade. É a sede da vontade do homem,
o lugar onde o espírito e o corpo se unem de maneira
perfeita.
Se a alma do homem quiser obedecer a
Deus, permitirá que o espírito o governe, conforme
ordenado por Deus.
Se ela preferir, poderá, também,
na condição de dominadora do homem, reprimir o espírito e deleitar-se fora do Senhor.
Esta trindade, espírito, alma e corpo, pode ser ilustrada, ainda que de
modo imperfeito, por meio de uma lâmpada elétrica.
Dentro da lâmpada, que representa o homem total, existem a eletricidade, a luz e o filamento. O espírito
seria a eletricidade; a alma, a luz; e o corpo, o filamento. A eletricidade é a causa da luz, e a luz é o efeito da eletricidade.
O filamento é o elemento material que conduz a eletricidade e também manifesta a
luz.
A combinação do espírito com o corpo produz a
alma, aquilo que é singular no homem.
A eletricidade,
conduzida pelo filamento, manifesta-se através da
luz; do mesmo modo o espírito atua sobre a alma que,
por sua vez, expressa a si mesma através do corpo.
Existe, porém, uma verdade que deve estar bem
presente em nossa lembrança.
Na vida atual, a alma é
o ponto de convergência dos elementos constitutivos
do nosso ser.
Em nosso estado ressurreto, porém, o
espírito será o poder governante. Isso porque a Bíblia diz que "semeia-se corpo natural, ressuscita corpo
espiritual" (1 Co 15.44-45).
Todavia eis aqui um ponto
vital: nós, que fomos unidos ao Senhor ressurreto,
podemos, já no presente, ter nosso espírito governando todo o nosso ser. Não estamos unidos ao primeiro
Adão, feito alma vivente, mas ao último, que é espírito vivificante (v. 45).
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