O MISTÉRIO DA PIEDADE ( 1 TIMÓTEO 3:16 )
" E sem dúvida alguma,grande é o mistério da "piedade"(εὐσεβείας) "
Timóteo deveria comportar-se em seu ofício,diante da honra que Deus lhe concedera como "governador" da Casa d'Ele.Honroso porque a Igreja é quem sustenta a verdade de Deus neste mundo,e nada há de mais precioso do que conhecer a Deus e buscá-lo para conhecê-lo,adorá-lo e servi-lo.
Ser irrepreensível em sua verdade é vital para o progresso nesse ofício,pois tão grande tesouro foi entregue à nós,deve ser altamente estimada:Deus manifestou-se em carne e tornou-se homem.
Isso ultrapassa nosso entendimento,e essa informação deveria nos deixar assombrados.Essa verdade foi pregada aos gentios,que até então foram banidos do reino,tendo essa fé no curso de todo o mundo,até então limitada aos judeus,esse mesmo Cristo foi elevado às alturas e entrou na glória,estando assentado à direita do Pai.
O mistério da piedade consiste na verdade revelada do Evangelho anunciada por Jesus e reafirmada por Paulo:
a) o Verbo eterno encarnado na pessoa de Jesus Cristo veio ao mundo com uma missão: buscar e salvar o perdido;
b) governado e aprovado em Seu ministério terreno e ressurreto pelo Espírito Santo;
c) acompanhado ministerialmente pelos anjos em todo o Seu ministério;
d) anunciado como Senhor e Salvador entre as nações;
e) acolhido por aqueles que Nele crêem;
f) recebido pelo Pai e o Espírito Santo em Sua glória de onde retornará a fim de buscar a Sua igreja para que a tenha Consigo eternamente. Isaías 53; João 1. 1 – 5, 10 - 14, 8. 24; 10. 10b; 14. 1 – 3; 15. 22, 24 - 25; 16. 28; Mateus 1. 24; 2. 13 – 14, 19 – 21; 3. 17; 17. 5; Lucas 1. 26 – 38; 2. 9 – 15; 19. 10; 22. 43; Atos 1. 9 – 11; Romanos 8. 11; Hebreus 1. 3; 2. 17; 4. 15; 1 João 3. 1 – 3.
Desprezar isso,certamente é uma ingratidão que será condenada,pois os anjos desejaram esse ofício,esse mistério que nem eles conheciam(eles não sabiam os meios da nossa redenção),isso dá sentido ao que Paulo escrevia:Igreja "Baluarte da verdade de Deus".Timóteo Era a pessoa mais idônea com quem poderia abrir o seu íntimo, aprender e se sentir capacitado na obra do ministério pastoral. Nada como ter ao lado alguém experiente e que tem prazer em partilhar o que sabe conosco. Ao escrever à igreja em Filipos, três anos antes de enviar a primeira carta a Timóteo, o apóstolo Paulo fez essa declaração a respeito do seu filho na fé:(Filipenses 2:19-24).
Paulo recomenda que era necessário que a igreja aprendesse pelo Evangelho a se relacionar corretamente com Deus, entre os irmãos e aqueles que ainda não eram cristãos.Na sequência da redação de sua carta a Timóteo o apóstolo Paulo se manifesta sobre o mistério da piedade, isto é, a revelação que Deus fez de Si em Seu Filho e da missão que Lhe foi entregue e plenamente cumprida.
A obra perfeita do Senhor Jesus já havia sido definida na eternidade pelo conselho da vontade divina em decisão unânime das três pessoas da Divindade em Sua unidade como Deus único. Apocalipse 13. 8b.Essa revelação da verdade do Evangelho citada pelo apóstolo é a reafirmação do que o Senhor Jesus disse aos apóstolos nas orientações finais antes de Sua morte: “Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai”. João 16. 28.
Na eternidade o relacionamento divino era apenas de natureza espiritual e pessoal. O tratamento paternal ou filial era inexistente e desnecessário porque Deus é Espírito e como Espírito se relaciona com os Espíritos que Lhe são iguais. As Escrituras designam o Deus plural e incriado em Sua unidade e relacionalidade em suas primeiras citações. Gênesis 1. 1, 26 - 27; 11. 5 – 9.
Isso chama a Igreja a observar o conteúdo do Evangelho: A sujeição de Cristo à todas as nossas fraquezas
O relacionamento paternal e filial só ocorreu na história quando o Verbo, Deus com Deus, se tornou homem na pessoa de Jesus, o Cristo, o Messias. Esse nome humano lhe foi dado por ordem divina considerando sua missão reconciliadora e salvadora. Mateus 1. 18 – 25. Somente a partir de Sua humanidade é que Jesus Cristo passou a se relacionar com Deus chamando-O de Pai e este O apresentou ao mundo como Seu Filho amado. Mateus 3. 13 – 17; Lucas 2. 48 – 52; 23. 46; João 5. 19, 30. Esse entendimento é fundamental para que as palavras de Jesus sejam compreendidas tanto no exercício da natureza divina quanto da natureza humana.
O mistério da piedade, a verdade revelada do Evangelho, existente na eterna mente divina foi apresentado progressivamente na história pelo próprio Deus após a queda da humanidade na pessoa do seu representante legal, o primeiro Adão. Os profetas antigos falaram desse mistério, mas suas mentes não alcançaram em profundidade o seu significado. 1 Pedro 1. 10 – 12; 2 Pedro 1. 20 - 21; Somente com a vinda ao mundo de Jesus Cristo, o Filho de Deus, a Luz do mundo é que a revelação foi entendida e acolhida por aqueles que Nele crêem. Os apóstolos, movidos pelo Espírito Santo, reafirmaram nos evangelhos e nas cartas às igrejas o que haviam recebido do Senhor Jesus a respeito dessa revelação. João 1. 1 – 5; 10. 30; 14. 1 – 3, 7 – 11; 16. 28; 17. 1 - 26 .
Tudo isso para tornar-se fraco como nós somos,para que Ele pudesse ter compaixão de nós e nos ajudar em nossas fraquezas( Hebreus 4:5).Sua graça antes oculta,foi derramada sobre nós.
Considerar isso deve nos fazer maravilhados.Consideramos o que Deus é?Aprouve a Deus expressar sua bondade e mostrar que deveríamos estimar isso como uma joia preciosa,expressando nossa gratidão.
Paulo chama esse ato de "mistério",pois do que as Escrituras revelam sobre as ações divinas na história é possível fazer o caminho inverso que nos remete ao que foi decidido por Deus na eternidade como já foi mencionado. Pela decisão unânime do conselho divino estabeleceu-se que uma das pessoas divinas assumiria na terra em Sua divindade a plena humanidade. Isso era necessário para que a dívida da humanidade junto à justiça divina contraída pelo primeiro devedor, Adão, fosse paga pelo novo homem gerado por Deus através do Espírito Santo em uma mulher - Maria.
Na primeira confrontação da história da humanidade, ao se dirigir ao Diabo, autor da natureza pecaminosa e do pecado, incorporado na serpente, assim disse o Senhor: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar”. Gênesis 3. 15. Esse evangelho, boa notícia para a humanidade, foi anunciado pelo próprio Deus, no Jardim do Éden, antes da revelação na história do mistério da piedade. O Deus de amor ainda na eternidade tomou todas as providências da salvação a fim de que o Diabo não levasse à perdição eterna toda a humanidade. Somente o Deus onipresente, onisciente e onipotente poderia realizar essa obra perfeita jamais imaginada pelo inimigo.
Na história da salvação tanto o amor quanto a justiça e a misericórdia divina componentes de Sua Graça precisariam ser plenamente contemplados. Deus age na integridade do Seu caráter. Essa ação divina, eterna e histórica, inalcançável pela mente humana, se tornaria realidade na história até que Deus tivesse Consigo no tempo e na eternidade aqueles que Ele determinou em sua Onisciência que responderiam afirmativamente ao Seu convite de amor.
“Desde o início faço conhecido o fim; desde tempos remotos o que virá. Digo: meu propósito permanecerá em pé; e farei tudo o que me agrada”. (Isaías 46. 10.)
O que foi decidido na eternidade pelo conselho divino se cumpriu. Nenhum dos descendentes de Adão gerados naturalmente estava habilitado para realizar esse pagamento que deveria ser feito em morte substitutiva. Essa impossibilidade ocorreu porque todos pecaram. Nenhum pecador poderia assumir substitutivamente por seu semelhante esse pagamento. Era necessário que o descendente da mulher e não do homem fosse levantado na história para que a dívida do homem com a Justiça divina fosse paga. Romanos 3. 23; 6. 23.
Deus veio em socorro do homem e tudo providenciou em Sua Graça salvadora. No tempo determinado Deus se manifestou em corpo humano na pessoa do Seu Filho, sem pecado, para que sobre Si levasse os pecados daqueles que Nele crêem como Senhor e Salvador. Isaías 53. Hebreus 10. 5 – 10. O princípio estabelecido por Deus para que a dívida fosse paga de forma única e definitiva era a morte substitutiva de um inocente que fosse tão humano quanto os humanos, mas sem pecado para que pudesse levar sobre Si os pecados dos pecadores que acolhem a graça de Deus pela fé e fazendo deles inculpáveis aos olhos de Deus. Esse ato divino/humano realizado por Jesus Cristo tornou sem efeito para os salvos a morte espiritual (separação eterna de Deus) e a morte física (separação temporária entre alma e corpo) pela ressurreição que antecederá o arrebatamento da igreja. A Lei divina já estabelecia: “sem derramamento de sangue não há remissão de pecado”. Hebreus 9. 22.
O primeiro sacrifício substitutivo a favor do homem, no período da paciência de Deus, foi realizado pelo próprio Deus no Jardim do Éden com a morte de animais. Foi essa a primeira providência divina para anunciar antecipadamente ao homem o que estava na mente divina e que se concretizaria no sacrifício único, definitivo e plenamente aceitável do Messias.
Ao sacrificar animais para dar dignidade ao homem e à mulher diante de Deus, o Criador não somente confeccionou, mas pessoalmente vestiu o casal com a nova e adequada vestimenta. Deu-lhes dignidade diante de Si. Mais um princípio foi estabelecido: só nos tornamos adequados diante de Deus quando Ele nos faz adequados para Si. Nossas obras nada representam ao nos apresentarmos à Deus. O que Ele faz por nós e em nós é o que O agrada.
A imagem do Criador vestindo Suas criaturas é a maravilhosa, inexplicável e insondável manifestação da grandeza da Graça salvadora de Deus. O Ofendido se dobra diante dos ofensores para torná-los adequados a Si. Deus, o ofendido, se mostrou humilde diante da criatura, ofensora. O Messias ratificou a humildade divina horas antes de assumir por nós a cruz. João 13. 1 – 20. Ele usa o Seu Poder para restaurar à dignidade pecadores indignos. A Graça divina não desconsiderou o pecado, mas se antecipou à necessária disciplina. Já estava em vigor a lei da semeadura e colheita e ela seria considerada para que o amor e a justiça divina fossem igualmente contemplados. Deus perdoa o pecador, mas não o livra das consequências do seu pecado. A responsabilidade da colheita é de quem semeou.
A partir da iniciativa divina em socorrer Suas criaturas, ao homem foi revelado que deveria manter esse ritual de purificação até que viesse o descendente da mulher. Este faria um único e perfeito sacrifício, purificando não somente os pecados, mas fazendo morrer a natureza pecaminosa no homem que o leva a pecar. Somente com a retirada da velha natureza pecaminosa é que Deus concede ao perdoado a nova natureza não mais voltada à prática deliberada do pecado, mas à obediência à vontade de Deus. Romanos 6; 2 Coríntios 5. 14 – 17.
Ao ser manifestado em corpo, em Belém da Judéia, o Filho de Deus foi saudado pelos anjos que O acompanharam discretamente em todo o período ministerial, horas antes de Sua morte no Jardim do Getsêmani, na ressurreição e no retorno glorioso à Casa do Pai, agora revestido de Sua humanidade. À direita de Deus, o Pai, está o Deus-Filho. Seu relacionamento com Deus após o retorno ao céu é tanto espiritual quanto filial. É nessa condição que exerce o ministério da intercessão pelos salvos até que termine a história e inicie a vida eterna da igreja com o Senhor Jesus. Ele foi feito pelo Pai através do ministério do Espírito Santo, o centro de convergência e difusão da glória, da graça, da soberania, da justiça e da misericórdia divina. Nele e em torno Dele gravitam todas as criaturas e acontecimentos do mundo visível e invisível, no céu e na terra, no tempo e na eternidade. Tudo o que Deus fez, faz e fará tem Jesus Cristo como centro e é a Ele que os salvos têm como referência de caráter, herança, esperança e vida eterna com Deus. Todas as perfeições divinas se manifestam através Dele de onde tudo provém, por meio do qual elas se concretizam e voltam para Ele em glória, adoração, louvor e serviço tanto dos anjos quanto da humanidade. É diante Dele que todo o joelho se dobrará no céu e na terra. Para glorificá-Lo, o Pai Lhe concedeu a função judiciária no final da história porque é Deus e homem. João 5. 22 – 23; Efésios 1. 3 – 14; Filipenses 2. 5 – 11.
Dentro desse contexto a identidade da igreja está inseparavelmente vinculada ao seu fundador Jesus Cristo. Não se pode falar em Jesus Cristo sem a igreja e na "mistério"igreja sem Jesus Cristo. Ele, a cabeça, ela, o corpo. Ela está espiritualmente assentada com Ele nas regiões celestes e Ele está espiritualmente nela e age por seu intermédio no mundo pelo Espírito Santo que lhe concedeu. Isso faz para que a comunhão entre os santos seja cultivada no presente até que seja eterna após o arrebatamento. João 14. 1 – 3, 23; Efésios 2. 6; 3. 10.
A igreja é, portanto, comunidade habitada pelo Deus vivo; é coluna e fundamento da verdade. Sua unidade em Cristo a torna inabalável. É por meio dela que Deus trata dos Seus interesses na terra e revela Sua Palavra às nações. Aqueles que Nele crêem e O acolhem como Senhor e Salvador são incluídos na família de Deus e são Seus filhos.
Uma vez cumprido plenamente o Seu ministério terreno, o Senhor Jesus foi elevado ao céu em corpo glorioso e sem pecado e recebido pelos anjos de Deus até que se apresentou ao Pai onde está assentado à Sua direita em majestade. Aguarda o momento quando no cumprimento da vontade do conselho divino retornará nas nuvens para arrebatar Sua igreja a fim de que ela esteja Consigo para sempre. João 14. 1 – 3; 1 João 3. 1 – 3.
Paulo chama tudo isso de "mistério da piedade": O Deus eterno manifestar=se em carne.Fomos criados com esse fim:unirmos a Deus através de um corpo com Cristo.
Ninguém pode ser cristão sem conhecer esse mistério(segredo) descrito por Paulo.A pergunta é:conhecemos esse mistério?
Pelo que percebemos por declarações aqui de membros do grupo,de pastores por ai e dos que dizem fazer parte da igreja,parece que não conhecem,pois não expressam nem igual à uma criança esse "mistério",mostrando claramente o desprezo e a negligência devido outras preocupações,o que explica a brutalidade com que falamos dos rudimentos do cristianismo,e aí o próprio Calvino ironiza dizendo:"Quando se fala "manifestar em carne",deduz-se como língua estranha""
Mesmo com nossa sonolência e apatia Deus nos compele a pensar sobre tal mistério.Satanás durante a história tentou apagar ou a humanidade ou a divindade de Jesus,às vezes misturando ambas para não perceber suas naturezas distintas para desfazer o sacrifício.Paulo diz "Deus manifestou-se em carne",admitindo as naturezas distintas de Jesus,pois este é o maior suporte e esteio da nossa salvação.
Essa conversa de que não gostamos de teologia,de que não precisa se conhecer,é uma conversa satânica,pois é nisso que ele gasta sua força,para manter os homens na ignorância( Jeremias 9:24 ).
A manifestação do mistério ( Hebreus 9:26 ) é explicado em Romanos 5:18.O pecado cometido em nossa natureza foi reparado em própria natureza idêntica,não poderemos entender e nem viver esse mistério da piedade e nele permanecer.
Deus só poderia nos beneficiar se fosse semelhante à nós.Ele abriu o caminho de volta pra Deus( Hebreus 2:16-17 ).Se não compreendemos a sua humanidade,como iremos fazer parte da mesma substância d'Ele.Se não conhecemos a sua majestade,como vamos confiar n'Ele?
As duas naturezas de Jesus são como os nossos 2 olhos na cabeça:cada um desempenha sua função,mas quando focamos em algo eles se unem em prol daquele objetivo,é como a alma e o corpo no homem:um é um espirito invisível que não pode ser tocado,o outro uma massa informe corruptível,que pode ser tocado,mas ambas formam o homem,uma criatura.Num milagre maior Deus empreendeu isso em Jesus."SE manifestou" usado por Paulo para distinguirmos sua humanidade e divindade para recebe-lo conscientemente,pois Jesus foi aprovado(justificado)ou merecedor de ser glorificado
Quando ouvirmos a palavra:"mistério" lembremo-nos:
1. Aprendamos a nos manter em nossos sentidos,sem nos gabarmos de possuirmos conhecimento e capacidade para compreender o assunto.
2. Irmos além de nós mesmos e reverenciar essa majestade além do nosso entendimento.Não podemos ser lentos e nem negligentes,mas considerar tal doutrina e nos esmerarmos em sermos instruídos nela
É aqui que o calvinismo sobressai de outras linhas teológicas,por ter um conhecimento quase pleno da doutrina e de tirar proveito dela no dia a dia,por saber o que significa essa união com Cristo e no que foi estabelecido,ou seja,se nossa salvação falhar é porque Cristo falhou em sua obra,mas como sua obra foi perfeita é impossível acontecer uma perda do que foi conquistado e aplicado em nós.
Por isso,diz Paulo,que em Cristo não somos apenas vencedores,porèm "mais que vencedores.
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