VISÃO DO SUICÍDIO NA PSICOLOGIA
A morte por suicídio ocupa a terceira posição entre as causas mais freqüentes de falecimento na população de 14 a 44 anos em alguns países.
Estima-se que as tentativas sejam 20 vezes mais freqüentes que os suicídios consumados:
Os homens cometem mais suicídio, e as mulheres fazem mais tentativas.
Os transtornos mentais estão associados com cerca de 90 por cento dos casos de suicídio, sendo de maior incidência os transtornos do humor, relacionados a substâncias, da personalidade e esquizofrênicos.
Histórias de violência física e/ou sexual, negligência, rejeição e luto são eventos adversos de vida muito associados ao suicídio.
Os eventos precipitadores do comportamento suicida mais comuns são a existência de graves conflitos relacionais e perdas interpessoais significativas.
A decisão de tirar a própria vida é, em muitos casos, tomada pouco tempo antes da tentativa, sugerindo impulsividade. Há evidências de que a restrição do acesso a métodos letais diminui a incidência de suicídio
Um estudo populacional revelou que, ao longo da vida, 17,1% das pessoas tiveram ideação suicida, 4,8% chegaram a elaborar um plano para tanto, e 2,8% efetivamente tentaram o suicídio.
"Dar especial atenção à pessoa que tentou se suicidar é uma das principais estratégias de prevenção do suicídio"
As tentativas de suicídio, de 10 a 20 vezes mais frequentes que o suicídio em si ( 1 MILHÃO DE ÓBITOS ANUAIS)
A cada 45 segundos ocorre um suicídio em algum lugar do planeta. Há um contingente de 1.920 pessoas que põem fim à vida diariamente. Atualmente, essa cifra supe- ra, ao final de um ano, a soma de todas as mortes causadas por homicídios, acidentes de transporte, guerras e conflitos civis
O Brasil figura entre os dez países que registram os maiores números absolutos de suicídios, segundo dados compilados pela OMS( o que representa, em média, 27 mortes por dia )
As causas de um suicídio (fatores predisponentes) são invariavelmente mais complexas que um acontecimento recente, como
a perda do emprego
um rompimento amoroso (fatores precipitantes).
A existência de um transtorno mental encontra-se presente na maioria dos casos. Uma revisão de 31
(artigos científicos publicados entre 1959 e 2001, englobando 15.629 suicídios ocorridos na população geral, demonstrou que em mais de 90% dos casos caberia um diagnóstico de transtorno mental)
Os transtornos mentais mais comumente associa- dos ao suicídio são:
1. depressão,
2. transtorno do humor bipolar e
3.dependência de álcool e de outras drogas psicoativas.
4.Esquizofrenia e certas características de personalidade também são importantes fatores de risco.
A situação de risco é agravada quando mais de uma dessas condições combinam-se, como, por exemplo, depressão e alcoolismo; ou ainda, a coexistência de depressão, ansiedade e agitação
É importante lembrar que um coeficiente nacional de mortalidade por suicídio esconde importantes variações regionais. Estudos epidemiológicos realizados nas duas últimas décadas confirmam taxas mais elevadas em homens, idosos, indígenas e em cidades de pequeno e de médio porte populacional
Em certas localidades, bem como em alguns grupos populacionais (como, por exemplo, o de indígenas do Centro-Oeste e do Norte, e o de lavradores do interior do Rio Grande do Sul) os coeficientes aproximam-se dos de países do Leste Europeu e da Escandinávia, na casa dos 15-30 por 100 mil ao ano. Vários fatores socioculturais e econômicos parecem se associar a esses altos índices, bem como elevada frequência de sofrimento mental e de uso abusivo de bebidas alcoólicas.
Além de sub-registro e de sub notificação, há o problema dos suicídios que “se escondem” sob outras denominações de causa de morte, como, por exemplo, acidente automobilístico, afogamento, envenenamento acidental e “morte de causa indeterminada"
Meios de suicídio
No Brasil, a própria casa é o cenário mais frequente de suicídios (51%), seguida pelos hospitais (26%).
Os principais meios utilizados são enforcamento (47%), armas de fogo (19%) e envenenamento (14%).
Entre os homens predominam enforcamento (58%), arma de fogo (17%) e envenenamento por pesticidas (5%).
Entre as mulheres, enforcamento (49%), seguido de fumaça/fogo (9%), precipitação de altura (6%), arma de fogo (6%) e envenenamento por pesticidas (5%)
Uma tentativa de suicídio( 10 x maior que suicídio) é o principal fator de risco para sua futura concretização.
Após uma tentativa, estima-se que o risco de suicídio aumente em pelo menos cem vezes em relação aos índices presentes na população geral
O registro e seguimento cuidadoso de casos de tentativas de suicídio pode diminuir o número de suicídios efetivados: um total de 2238 pessoas que deram entrada no pronto-socorro por uma tentativa de dar cabo à própria vida foram aleatoriamente divididas em dois grupos, que receberam um dos seguintes tratamentos:
Uma intervenção psicossocial, incluindo entre- vista motivacional e seguimento telefônico regular (no momento da alta hospitalar, pacientes eram encaminhados para um serviço da rede de saúde);
Tratamento usual (apenas um encaminhamento, por ocasião da alta, para a um serviço da rede de saúde).
CONCLUSÃO
Para a determinação de um suicídio é preciso estabelecer se houve a intenção de morrer, e isso nem sem- pre pode ser definido inequivocamente. Os trâmites que determinam se uma morte deve-se a um suicídio variam entre os países.
Em alguns países há elevada proporção de mortes não examinadas por um serviço de verificação de óbitos. Ademais, pode haver pressão de familiares para que se omita a natureza da morte na declaração de óbito. A proporção, em torno de 9%, é registrada como mortes com intenção indeterminada, principalmente entre adultos jovens de sexo masculino.
Outro aspecto clínico a ser lembrado é que uma tentativa de suicídio é o principal fator de risco para uma futura efetivação desse intento. Por isso, essas tentativas devem ser encaradas com seriedade, como um sinal de alerta a in- dicar a atuação de fenômenos psicossociais complexos. Dar especial atenção a uma pessoa que tentou se suicidar é uma das principais estratégias para se evitar um futuro suicídio.
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