quinta-feira, 30 de abril de 2020

Discipulando homens e não anjos

2. DISCIPULAR  HOMENS E NÃO ANJOS ( DESMASCARANDO A SI MESMO )


Nossas fragilidades são enfatizadas no "Pai Nosso" que nos recomenda pedir perdão "todos os dias"

O nosso amor próprio sempre vivo nos vê como "anjos" e não como homens, assim como diz Pastor Gilberto em seu livro "Não sei discipular anjos".

"Somos sérios candidatos a nos tornarmos demônios."

1 .Sou impotente na arte de apetecer anjos e compreender suas biologias assexuadas, somatizadas com suas naturezas incorruptíveis e suas puras existencialidades sensíveis!!! 

2. Lido com humanos, compreendo suas fragilidades emocionais e biológicas

3. Identifico com suas limitações psicológicas, e sou pecador como a todos os mortais!!!

4. Louvo a Deus por Cristo Jesus que sacrificou-se por mendigos na eternidade, presenteando-os os portais eternos como quintal de casa e o lago do esquecimento como estações passadas!!!

5. O Sangue de Jesus é a única substância trans existente no cardápio mais sofisticado da ciência, capaz de sujar os pecadores e impotentes homens e torná-los mais belos que os anjos, mais brancos que a neve!!!

6. O amor-próprio natural de Adão, anterior à Queda

. Para Tomás de Aquino é indiferente

. Para Jansenius como pervertido em concupiscência. 

. Para Nicole, que descreveu o amor-próprio como um substituto hipocrítico do comportamento virtuoso.

. Para os trágicos gregos, no século V a. C., a prioridade do amor por si mesmo parecia evidente

. Eurípides explica através de Medéia que é natural amar a si mesmo de preferência aos outros e que o amor de si é primordial (Medéia, 86).

. Mas a reflexão filosófica antiga não se contenta com uma tal intuição: o “conhece-te a ti mesmo” délfico (que é em seu ponto de partida uma declaração teológica: “saiba que tu és mortal”) adquirirá sucessivamente um sentido moral.

. Sócrates explica que aquele que se conhece reconhece que nada sabe

. Metafísico (em Platão) e político (em Aristóteles). Aristóteles designa o verdadeiro philautos, o amante de si mesmo (Et. Nic. IX, 8, 1168a29-30) ao passo que o estoicismo reabilita esse amor doméstico que faz com que eu habite meu corpo

. Ovídio, no mito de Narciso: o divino Tirésias, consultado sobre o futuro da criança, havia profetizado uma longa vida si se non noverit, “desde que ele não se conheça”.

. Mas o jovem homem se enamora de sua própria imagem refletida numa fonte tranqüila; ele pensa tratar-se de um outro: não se pode a princípio falar de conhecimento de si mesmo.

. Narciso despende tempo para descobrir que é a ele mesmo que ama. Inicialmente, ele mesmo, no caso de Narciso, é um outro. Mas sua morte pavorosa é causada pela tomada de consciência do amor impossível que experimenta por ele mesmo: “Eu me ardo por mim mesmo e excito o fogo que me devora.

. ”Plotino vê nesse mito um convite a não se deter na imagem, mas considerar a realidade do alto a partir da qual as coisas daqui de baixo são apenas ícones: quem se inclina demasiadamente em direção às realidades visíveis cairá, como Narciso, nas torrentes da morte

. Santo Agostinho responde em O Livro dos Espíritos: Um sábio da Antiguidade vos disse: ”Conhece-te a ti mesmo”.Tal aforismo, já inscrito no oráculo de Delfos, nos leva inicialmente a entender que a libertação e alegria do Espírito não consistem em um estado, mas em um processo de busca da verdade em si mesmo, o qual define-se, consoante a pedagogia socrática, em dois momentos: a ironia e a maiêutica.

. Através da ironia, ou arte da interrogação, Sócrates levava o discípulo a afastar toda idéia falsa ou ilusão que tivesse do mundo e sobre si mesmo, induzindo-o a chegar à verdade por si mesmo. 

. Tal procedimento visa inicialmente pôr a descoberto a vaidade, desmascarar a impostura e seguir a verdade. Ao atacar os cânones oficiais, a ironia socrática parece ter uma feição negativa e revolucionária, no entanto, esse primeiro momento do processo de autoconhecimento é autêntico, uma vez que visa à purificação da alma por via da expulsão de idéias obscuras e ilusórias que esta possui sobre si e que na verdade distanciam a alma de si mesma.

A melhor maneira de promover o autoaperfeiçoamento, afirma Sócrates, é por meio do auto exame, e é apenas através deste reencontro consigo mesmo que se torna possível o renascer da própria consciência, a parturição, ou seja, o trazer à luz as próprias idéias

Apenas aquilo que é decidido de dentro para fora é autêntico e pode nos libertar. 

Efetivamente, a posse da verdade consiste em uma operação não apenas vital, mas pessoal, em que a forma interrogativa ou dialética permite ao discípulo relembrar a verdade adormecida em sua alma.

É assim que Agostinho de Hipona nos descreve o itinerário dessa busca de autoconhecimento diante de tantos conflitos existenciais que afligiam sua alma quando, dilacerado pelas vaidades e paixões, desperta para as verdades cristãs.nessa ocasião, escreve Confissões, obra na qual dedica-se a perscrutar o abismo da consciência humana, mas o faz também em sua própria consciência. Agostinho inicia assim essa trajetória inicialmente conflitante buscando estabelecer a distinção entre o bem e o mal, para então inverter seu olhar da realidade mundana à interioridade, em uma conversão de valores.

Agostinho afirma o bem como a única realidade positiva, na medida em que o mal consiste em uma privação, decorrente do mau uso da liberdade: procurei o que é o mal, e verifiquei que não é substância, mas perversidade de uma vontade que se afasta da substância suprema — de Vós, meu Deus — na direção das coisas inferiores

Agostinho que, sem dúvida recomendou esse método, foi quem na verdade explorou essa busca de interioridade e a exemplificou em si mesmo, pois sempre buscou mergulhar dentro de si e conscientizar-se de seus erros e defeitos, conforme expõe de forma autêntica em Confissões:
"Quero recordar as minhas torpezas passadas, as corrupções de minha alma, não porque as ame, ao contrário, para te amar, ó meu Deus. É por amor do teu amor que retorno ao passado, percorrendo os antigos caminhos dos meus graves erros."

Efetivamente, após tantos conflitos interiores, o bispo de Hipona busca esse auto-exame de seu passado, busca essa interrogação ou ironia socrática, questionando a si mesmo, não por alguma motivação exterior a si, mas antes como uma forma de amar e exaltar a Deus

Como amar a Deus plenamente sem uma libertação da própria consciência que se julga? 

. Eis aqui a moral autônoma que nos ensina a pedagogia espiritual, na medida em que o Espírito se auto legisla, visando uma libertação da sua própria consciência. 

. Daí o papel decisivo da memória no processo de autoconhecimento, pois é na memória que eu me encontro comigo mesmo

Escreve Agostinho, que me lembro de mim mesmo, as coisas que fiz, a época e do lugar em que as fiz, do que sentia ao fazê-las.

O despertar para o amor impele Agostinho à sinceridade consigo próprio e para com Deus, pois à medida que o ser eleva-se moralmente, não mais se satisfaz em enganar a si mesmo. 

Por isso, quando resignados e elevados, a visão do passado constrangedor pede por manifestar-se como uma forma de libertar-se a si mesmo. 

A consciência autônoma só se liberta quando depara consigo mesma e se aceita. 

"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"  afirma o amoroso mestre.

O amor a Deus é impossível sem a autenticidade da alma para consigo mesma. 

. Não basta à consciência a recompensa exterior farisaica. 

. Recordar primeiramente consiste em apresentar-se à deusa do passado, segundo alegoria platônica, para então viver um presente consciente em função do futuro libertador

. Ao infringir o senso moral, à lei imanente ao Espírito: 

. é como se nos distanciássemos da verdade
. é como se dilacerássemos, pela vaidade, torpezas e conflitos interiores, a unidade do amor que caracteriza a nossa essência. 

E esse rompimento com a unidade desvia o Espírito de sua natureza substancial, dispersando-o na contemplação exaustiva do mundo sensível.
http://www.ricardogondim.com.br/


segunda-feira, 27 de abril de 2020

Lázaro saia para fora

                                           “Lázaro, saia para fora!" ( João 11:43 )


. Jesus fala com um morto,só Deus tem poder de fazer um morto ouvir
. Existem muitas coisas que matam o homem:
  . Vícios
  . Depressão
  . Crises existenciais
  . Pecado
  . Legalismo

. Jesus chama o homem para fora da morte eterna
. Jesus "resgata" o homem da morte 

CONTEXTUALIZAÇÃO

. Marta simboliza a visão de muitos hoje : esforço
. Maria simboliza a visão que deveríamos ter : estar aos pés do Mestre ( altar )
  . separada
  . adorando
  . sacrificando
. Posição que provoca o choro de Jesus
. Todo esse cenário era um cenário de morte:
  . Ativismo de Marta 
  . A pedra da tradição judaica

APLICAÇÃO


Para entendermos esse " sai para fora " precisamos rever alguns pontos:

O que é um altar?
O altar é um ponto de referência elevado, acima do chão, como  uma pilha de pedras em cima da qual o animal era colocado e sacrificado, e dependendo do tipo de sacrifício, era queimado.

Temos um altar! 

Dentro da concepção humana da cristandade, o que é um altar?

O escritor aos Hebreus nos explica:

Ele escreve aos judeus convertidos a Cristo que tinham uma característica muito interessante.

É como se você fosse pela primeira vez embarcar em uma canoa para uma pescaria. 
Você coloca o pé no barco com medo, ficando com um pé na margem e o outro no barco, suas pernas começam a abrir e você acaba caindo na água. Há apenas uma maneira de entrar no barco e você não pode ficar com um pé na margem para evitar um acidente. 

Esses hebreus tinham se convertido a Cristo, mas estavam com um pé na margem, não queriam largar todos aqueles rituais, que fazia parte da Lei, e que Deus havia dado a eles.

Porém, esta foi-lhes dada para uma função específica: a de cercar o povo israelita que Deus escolheu, ou seja,  protegê-los do perigo e dos cuidados deste mundo. 

Mas quando Cristo veio, a coisa mudou completamente.

Esta carta, escrita para hebreus convertidos a Cristo, tem que explicar várias vezes que agora há  coisas melhores, diferentes daquela dispensação, porque Cristo havia morrido. 


Pensemos assim:

"Eu faço uma maquete de um projeto e a obra é começada ali na esquina com a construção do prédio. Quando este fica pronto, talvez eu use a maquete para colocar no estande de vendas, o que normalmente é feito para as pessoas admirarem. Mas com o prédio pronto, o cliente vai querer ver o apartamento, visitar o imóvel, e eu preciso deixar a maquete de lado e posteriormente, descartá-la, pois ela não me servirá mais." 

Assim é com os sacrifícios do Antigo Testamento, eles eram figuras de algo maior, algo que iria ser construído, sendo muito mais concreto e precioso: a obra de Cristo na cruz! Logo, esse, “temos um altar”, que lemos em hebreus, não significa dizer que supostamente tenha que se repetir o sacrifício de Cristo, porque o sacrifício de Cristo não pode ser repetido.Pois este que temos é Cristo crucificado!

Hebreus 13:10 fala: 


“Temos um altar, de que não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo”. 

.Tabernáculo era aquela tenda no deserto onde entravam os sacerdotes para  fazer o sacrifício de animais. 

- Havia diversos tipos de sacrifício :

a).Um deles era quando o sacerdote pegava uma bacia de sangue do animal sacrificado, entrava absolutamente sozinho no Santos dos Santos - que era o lugar mais interior do tabernáculo, atrás de um véu enorme e que ninguém mais podia entrar, já que se alguém entrasse ali sem sangue, seria morto - e borrifava aquele sangue sobre a tampa da Arca da Aliança. Só ao  sacerdote era permitido fazer esse ritual em um determinado momento e dia. 

b).Outro tipo de sacrifício era aquele onde o sacerdote se alimentava do animal morto e sacrificado. 

c)Havia também aquele em que o sacerdote não comia da carne do animal, mas o sacrifício era colocado fora do arraial hebraico e queimado ali. 

Este capítulo basicamente junta esses diferentes tipos de sacrifícios, e diz: 

"Temos um altar, de que não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo." 

Então, aqueles que continuavam praticando esses sacrifícios judaicos, não podiam participar agora deste Altar do qual o autor fala. Porque são coisas incompatíveis! 

Se alguém está ainda celebrando sacrifícios, como os  judeus estavam, como quer participar de um altar e de um sacrifício definitivo, resolvido de uma vez para sempre? 


É como se eu dissesse: 

Temos um prédio construído, não se pode morar na maquete! 

Este texto de hebreus mostra claramente que aquele sacrifício do qual todos os outros eram símbolos, figuras ou nuvens, apontavam para este sacrifício único, derradeiro e definitivo, que não precisaria jamais ser repetido: o sacrifício de Cristo na cruz! 

O nosso Altar hoje é Cristo crucificado! 

Temos este Altar e podemos nos beneficiar dele, mas não se pode beneficiar dele aquele que ainda está ligado aos velhos sacrifícios, àquela velha noção: - se eu for seguidor da lei, se eu fizer isso ou aquilo, cumprir todas as tarefas que a Bíblia relata, talvez, por ventura, quem sabe, serei salvo. - Não! Se você pensa assim, não pode comer e participar deste Altar! 

Você está em um tempo errado, ocupado ainda com a maquete. 

O versículo 11 continua: “Porque os corpos dos animais, cujo sangue é, pelo pecado, trazido pelo sumo sacerdote para o santuário, são queimados fora do arraial. 


E por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, padeceu fora da porta. 


Saiamos, pois, a ele fora do arraial, levando o seu vitupério (a sua vergonha). 
Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura. 

Portanto, ofereçamos sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”. 

Entretanto, tudo isso vem no pacote de uma salvação, já resolvida. 


Logo, se alguém está em uma religião achando que nela vai encontrar a salvação, o perdão dos seus pecados e a vida eterna, está vivendo um tremendo engano. 


A ela eu posso dizer: 


Temos um altar do qual você não pode comer, porque você está seguindo rudimentos, leis e cerimonias! Um lugar morto,envelhecido,que não exala um bom perfume por ser antigo e sem vida


E ela pode retrucar: - Mas eu vou ao culto, faço isso e aquilo! - 


Mas, não é isso! 


O homem nasce pecador por causa do pecado de Adão e Eva. 

O que Deus fez quando eles pecaram para cobrir o pecado que cometeram? 

Matou um animal, fez uma cobertura de pele e vestiu-os. 
Se alguém perguntasse a Adão e Eva o que era aquela vestimenta, eles diriam que era a roupa que Deus fez com a pele de um animal inocente, para cobrir os pecados que eles cometeram. 

Então, hoje, se alguém  perguntasse a quem crê em Jesus Cristo, como ele está salvo, esse cristão diria: porque agora estou vestido por um sacrifício consumado de uma vez para sempre! 


Se existe alguma religião que talvez possa supor que a missa vai repetir o sacrifício, ou que queira exigir de você um sacrifício para que seja aceito por Deus, isto não vai funcionar! 


Veja algumas passagens nas cartas aos hebreus! São muitas passagens falando das coisas melhores que Deus estava trazendo. 


Todo o Antigo Testamento é válido para nosso ensino como figuras, símbolos, como uma maquete, mas agora chegou a realização, o prédio está pronto! 

Olhe para o prédio, deixe a bonita maquete de lado! 

É importante sim, você olhar e entender como funciona a maquete, mas agora ocupe-se e more no apartamento pronto! É isso que Deus quer falar aqui! 

Ainda em Hebreus, capítulo 7, diz: “Porque isso fez Ele (Cristo) uma vez oferecendo-se a si mesmo”. 


O contexto é que não é necessário um sumo sacerdote para oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente para os seus próprios pecados e depois para os do povo, mas, Cristo fez isso, e uma única vez: “oferecendo-se a si mesmo”. 


No capítulo 9 de Hebreus fala também: “De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado para o sacrifício de si mesmo”. 


Se você está em Cristo, seu pecado foi aniquilado, lançado sobre ele quando morria na cruz. Deus o fez pecado por nós. Depois de morto, seu lado foi aberto pela lança do soldado, saindo água(batismo) e sangue(sacrifício da cruz), e João fala: o sangue de Jesus Cristo, seu filho nos purifica de todo o pecado. 
Ali estava resolvida a questão para sempre!

No mesmo capítulo de Hebreus 9, versículo 28 diz: “assim também Cristo oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá a segunda vez sem pecado aos que o esperam para a salvação”. 

Eu lhe pergunto: Ele tirou os seus pecados? 
- Ah, mas eu faço tanta coisa errada! Deus me perdoe. 
Como vou fazer quando chegar à presença de Deus? 
- Ora, se ele tirou seus pecados, você está salvo!  
O Evangelho é a boa notícia de salvação, não é uma lista de regras, ninguém diria que é uma boa notícia receber uma lista de regras. Se chego em casa e digo: crianças, tenho uma boa notícia para vocês! - Ah, vai nos dar presente, papai? 
- Presente nada! Vocês vão lavar limpar, passar, cortar a grama, etc. 
- Mas, oh pai, mas isto não é boa noticia! 
- É verdade, é uma boa notícia para mim! Isso não é uma boa noticia! 

Porém, se eu chegar e disser: Crianças tem uma boa noticia, um presente, de graça para vocês! Aí sim, ficarão todos alegres.

Evangelho significa boas novas, boas noticias de que Cristo morreu e ressuscitou e com o seu sangue purifica todos os pecados de quem Nele crê. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu filho unigênito, para todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Quem ouve a minha palavra e crê Naquele que me enviou tem a vida eterna!” 

Tem já, agora, e não entrará em condenação, em juízo, mas passou da morte para a vida.

 Isso é posse imediata! Então, como um cristão pode querer refazer, celebrar de novo, imitar, o sacrifício de Cristo? Como? Isso não pode! É uma coisa resolvida, lavrada, reconhecida em cartório, digamos assim. 

No cartório de Deus, se for procurado, estará lá nos livros, o sangue derramado, a vítima já foi morta, e ela é a única que podia tirar os pecados dos homens. 

Aquela maquete que eram os sacrifícios repetitivos que deveriam sempre ser refeitos, não tirava os pecados, mas trazia à memória que os homens eram pecadores. 
Mas um dia Deus traria o cordeiro definitivo, e quando Ele veio ao mundo, João Batista aponta para ele, Jesus, e diz: Eis o Cordeiro de Deus

Qualquer pessoa que tivesse sido criada no judaísmo entenderia esta linguagem, porque a vida inteira ouviu falar que Deus iria prover um cordeiro, assim como Abraão afirmou, quando fora solicitado a sacrificar seu próprio filho como parte de fé e confiança em Deus. 

Quando Isaque perguntou: 
- Pai, aqui tem a lenha, o punhal ou cutelo, mas onde está o cordeiro? 
Abraão respondeu: Deus proverá o cordeiro, meu filho! 

Portanto, os judeus cresciam escutando esta história e gravando em sua mente: Deus proverá um cordeiro. 
Então, João Batista aponta para um homem e diz: Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Ali, alguns falaram: é este que eu quero, é este que eu esperava, é este que eu buscava! E você, o que espera?  Quer ser salvo pelas suas próprias obras e merecimentos? Não pode! Somos pecadores, não temos nada que possamos fazer que limpe nosso pecado. Qualquer coisa que façamos não serve para Deus, porque Ele quer dar a salvação! Todos aqueles rituais eram muito bonitos, importantes, mas não é a coisa em si. 

Em Hebreus 9: 28 lemos: “Assim também Cristo oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá a segunda vez sem pecados aos que esperam para a salvação”. 


Veja, uma vez! Você está esperando por Ele ou ainda está naquela ansiedade do Salmo 43? 
Um dia, quem sabe, por ventura, eu verei o altar, assim como estavam os   judeus, pensando numa coisa futura que ainda não havia sido consumada, resolvida. 

Um cristão tem tudo resolvido, tudo passado a limpo! Todos seus pecados foram lançados no esquecimento, como a Bíblia fala, esse é o privilégio de ser cristão! 

Quando o apóstolo Paulo escreve para os cristãos ele fala assim: “regozijai-vos, outra vez vos digo, regozijai-vos sempre no Senhor”! 

O que é isso? Se alegrem! Eu não poderia viver uma vida alegre se ainda tivesse o peso dos meus pecados sobre mim,  aguardando o juízo de Deus. 

Muitas pessoas perguntam: quando eu chegar ao juízo final, então Deus vai ver os meus pecados? - Não, minha filha, se você chegar ao juízo final você está perdida! Quem chegar ali verá a sentença de condenação eterna ser lavrada. Não espere chegar ao juízo final! 
Qualquer pessoa é salva por Cristo enquanto está viva, depois que morre, acabou a chance! 
Todas as chances são  enquanto você está vivo, e hoje pode ser a sua chance, hoje pode ser o último aviso que você recebe! Às vezes, você está no aeroporto e ouve a última chamada,  que significa que eles não a repetirão mais. Se você perder aquela chamada, perderá o voo! 

Eu nunca me esqueço do dia em que meu pai saiu para levar uma Bíblia que comprou, para dar a um amigo de presente. Ele foi até a casa, bateu no portão,  o amigo apareceu na porta e conversaram um pouco. Meu pai lhe deu um folheto e o explicou o que era o evangelho e a salvação pela fé em Jesus Cristo, entregou-lhe a Bíblia de presente e o amigo o agradeceu muito. Despediram-se. 


Esse homem entrou em casa, e durante o almoço caiu com o rosto no prato, morto. A última conversa que ele ouviu foi o Evangelho da Salvação, se ele está salvo não sei, mas ele não vai poder jamais argumentar que nunca teve uma oportunidade, que nunca o chamaram para aquele voo a fim de entrar na eternidade. Ele ouviu o chamado. Se ele aceitou? Só Deus sabe! Vamos certamente, ter grandes surpresas no céu! Então hoje, se você está escutando esse chamado, creia no Senhor Jesus Cristo para receber o perdão de todos os seus pecados!

Mas, e o purgatório depois? Não tem purgatório! 

Se Cristo morreu para levar de uma vez os pecados, você acha que ele fez o serviço pela metade? 
- Então ele morreu pelos meus pecados, até o dia que eu me converti? 
Não! Ele morreu por todos os pecados, porque quando ele morreu, você não existia ainda! 
Ele morreu pelos seus pecados que ainda iriam acontecer! Nenhum pecado sequer, vai ficar na sua folha, no seu prontuário, na hora que você se encontrar com Deus, se você crer em Jesus agora como seu Salvador. Vai ter uma folha e um prontuário limpos, porque se você tiver um pecado, ainda que seja apenas um mau pensamento que não tenha sido pago pelo sangue de Jesus derramado na cruz, você não entrará na presença de Deus! Pois foi por causa de um pecado que Adão e Eva foram expulsos da Sua presença. 
Você acha que vai entrar porque tem poucos pecados? Não! Ou você está limpo ou está sujo! Uma gota de água suja, em um copo de água limpa, suja o copo inteiro, assim é o pecado também. Então creia agora em Jesus como seu Salvador. Ele não te pede nada difícil! A Bíblia não fala qualquer coisa que seja difícil ou por esforço, nada disso! 

Deus fala apenas: Creia em Jesus e será salvo. Essa é a mensagem, a boa noticia do Evangelho que eu vim trazer nesta noite. 

Espero que você creia e um dia possamos nos encontrar novamente, se não aqui na terra, certamente na presença do Senhor Jesus, no céu. 


quarta-feira, 22 de abril de 2020

DOMINANDO O DRAGÃO

                                    O CAMINHO DA MISERICÓRDIA DIVINA

                                                            INTRODUÇÃO

O caminho da graça nós sabemos,mas.... e o caminho da misericórdia ?


Nestes últimos 6 meses percorri esse caminho,um caminho difícil e longo que quero compartilhar com vocês com alguns artigos sobre...
Tenho a plena certeza que será útil a alguns,pois confesso que achei que sabia esse caminho,mas vi que não o conhecia e o que aprendi quero compartilhar com vocês,então seja bem vindo ao longo caminho de " COMO ALCANÇAR A MISERICÓRDIA DIVINA "

                                           CONTEXTUALIZAÇÃO

         "O que acontece quando um jato de luz penetra em um quarto escuro?"


.Em vidas sem luz o pó é invisível aos nossos olhos,mas visível a Deus.
 . Há muitos arrotando piedade e santidade,mas porque suas vidas estão sem luz...vidas sem luz,são vidas sem conhecimento de si mesmos.... 
Teve um irmão que fez uma postagem de João 1:4 e tivemos comentários interessantes:gostei do comentário da irmã Vera Lucia Barbosa:" A Luz significa ver as coisas como elas são (verdade) e essa "verdade" que é Jesus e sua Palavra nos liberta".
No meu comentário mostrei que essa palavra "luz" aparece não menos de vinte e uma vezes no quarto Evangelho. Jesus, como diz João aqui, é a luz dos homens. 
. A função de João Batista consistia em assinalar aos homens essa luz que estava em Cristo.

- Em duas ocasiões Jesus se denomina a si mesmo a luz do mundo (8:12; 9:5). 
- Esta luz pode estar nos homens (11:10), convertendo-os assim em filhos da luz (12:36).
            . Disse Jesus: “Eu que sou a luz, vim ao mundo” (12:46).

Vejamos se podemos compreender algo desta idéia da luz que Jesus traz para o mundo.

(1) A luz que Jesus traz é a luz que ilumidora . 

. No relato da criação, Deus se movia sobre o abismo escuro e sem forma que existia antes do princípio do mundo, e disse: “Haja luz” (Gên. 1:3). 

A luz recém-criada por Deus, chegando ao caos vazio, eliminou-o. 

Assim, pois, Jesus era a luz que resplandece nas trevas (1:5). 

Jesus é a única pessoa que pode evitar que a vida se converta em um caos.

 Entregues a nossas próprias forças estamos à mercê de nossas paixões, desejos, temores e medos. 

Quando Jesus aparece na vida, vem a luz. 

Um dos temores mais antigos do mundo é o temor à escuridão. 

A vida está em trevas, cheia de temores sem nome, instintiva, até que vem Jesus.

"Há um conto de um menino que devia dormir em uma casa alheia. A proprietária de casa, acreditando ser amável, ofereceu-lhe deixar a luz acesa quando ele fosse para a cama. Com toda cordialidade, ele declinou o oferecimento. “Pensei”, disse a proprietária da casa, “que você poderia ter medo da escuridão.” “Oh, não”, disse o garotinho, “sabe, é a escuridão de Deus”.Com Jesus, a noite é luz ao nosso redor, o mesmo que o dia."

(2) A luz que Jesus traz é uma luz reveladora 

A condenação dos homens consiste em que amaram as trevas mais do a luz; e foi assim porque suas ações eram más, e aborreceram a luz para que ela não repreendesse as suas obras (3: 19-20). 

A luz Jesus que traz é algo que nos mostra as coisas tais quais são. 

Tira suas máscaras e disfarces

Mostra as coisas em sua nudez, em seu verdadeiro caráter e valor. 

Faz muito tempo, os cínicos afirmavam que os homens odeiam a verdade porque a verdade é como a luz aos olhos doentes. 

No poema do Caedmon há uma imagem estranha. ( Um vaqueiro inglês com o dom de fazer poesia )

Trata-se de uma imagem do último dia e no centro da cena há uma cruz; e a cruz irradia uma curiosa luz cor de sangre e a qualidade misteriosa dessa luz é que mostra as coisas tais quais são. 

Tiram-se os véus, os disfarces, o envoltório exterior, e todas as coisas se encontram reveladas na nua e terrível solidão do que são em essência.

Nunca nos vemos a nós mesmos até que nos vemos através dos olhos de Jesus.

O pecado não gosta de olhar pra dentro de si (consciência) com medo de "melindrar" o "amor próprio".

Esses homens "santos" do passado ao contrário de muitos homens "santos" atuais eram cheios de jatos de Luz,refletiam sobre si mesmos.

A grande questão não é ter mais ou menos pecado,mas ter muita luz e conhecimento nessa estranha casa que é a nossa alma ou o nosso "EU"(Ἐγώ) .

Por falta de luz( cegueira,escuridão),vemos facilidade o cisco no olho do outro mas não vemos a madeira enorme dentro do nosso.
Essa falta de luz (conhecimento) não vê nossos arqueiros imperfeitos...
Esses "santos" homens eram incansáveis na disponibilidade da limpeza,independente do muito ou pouco pó explicitado pelos jatos de luz.
Pediam incansavelmente para que Deus desvendasse essa poeira e se humilhavam na busca da misericórdia divina.
Hoje não vemos essa poeira interna o que mostra a escuridão que vivemos,e quando Deus pela graça nos ilumina não nos espantamos com o nosso interno estado...

                                  1. CONSIDERANDO-SE UM PECADOR QUE NADA MERECE

Nessa busca da misericórdia divina,não podemos menosprezar quem a alcançou,e por incrível que pareça,ao contrário dos considerados "homens santos" hoje,cheios de soberba,egoísmo e petulância,os considerados "homens santos" da história,consideravam-se "pecadores".que o diga Paulo que se considerava "o pior dos pecadores"(1 Timóteo 1:15)...
A lista dos "santos" piedosos é grande,daria vários post a história desses homens de oração,do jejum,da leitura da Palavra,da vida em comunhão com uma piedade que os marcaram...

Quero abrir espaço para um testemunho:

"Em 91 eu e um grupo de 14 pastores,saímos de Irecê (BA) para o Rio,visitar um "famoso" pastor presbiteriano chamado Antonio Elias,considerado por nós na época o cristão mais piedoso que conhecíamos em seus 86 anos de vida.
Chegando à casa desse humilde pastor,achamos que ele iria derramar óleo sobre as nossas cabeças,que iria fazer uma "oração forte ",que falaria em línguas,reteté e coisa e tal (kkkk)
Ele nos levou ao templo,ajoelhou-se e fez uma oração tão piedosa clamando pela misericórdia da sua vida,que começamos a chorar de tanta vergonha e ele simplesmente disse:"não tenho nada para dar a vocês,voltem para casa"
Chegamos em Irecê com o povo esperando a gente como "canelinha de fogo"(kkk),mas a gente só chorava diante da nossa burrice "
Amados(as),se eu fosse listar os "homens santos" que conheci,os que estudei e os que ouvi falar,escreveria livros sobre os mesmos...
Todos eles consideravam-se pecadores e que nada mereciam de Deus... Quando leio João Batista dizendo para o Mestre que "não era digno de desamarrar as correias da sandália"(Marcos 1:7-11),cumprindo a profecia de Malaquias 4:5,e este dando o exemplo de piedade e humildade,enquanto os "santos" de hoje tem cetro,Jesus tinha uma toalha,lava os pés dos discípulos(João 13)
Há uma história que ouvi sobre Dostoievski e os que vão entrar no céu:

"Dostoievski conta que no dia da volta de Cristo e do julgamento,Cristo dá a ordem para um grupo que consideramos escórias da sociedade a entrarem para o céu,e alguns "cristãos" não concordam,afirmando que estes não eram dignos de entrarem..e Dostoievski afirma que Jesus disse:"por isso vão entrar.
Amei essa estória de Dostoievski,pois vivemos numa geração onde os "santos e santas" se acham "dignos",perfeitos,prodígios de virtude...

           2. DISCIPULAR  HOMENS E NÃO ANJOS ( DESMASCARANDO A SI MESMO )


Nossas fragilidades são enfatizadas no "Pai Nosso" que nos recomenda pedir perdão "todos os dias",mas o nosso amor próprio sempre vivo nos vê como "anjos" e não como homens, assim como diz Pastor Gilberto em seu livro "Não sei discipular anjos".

"Somos sérios candidatos a nos tornarmos demônios."Sou impotente na arte de apetecer anjos e compreender suas biologias assexuadas, somatizadas com suas naturezas incorruptíveis e suas puras existencialidades sensíveis!!! Lido com humanos, compreendo suas fragilidades emocionais e biológicas, me identifico com suas limitações psicológicas, e sou pecador como a todos os mortais!!!

Louvo a Deus por Cristo Jesus que sacrificou-se por mendigos na eternidade, presenteando-os os portais eternos como quintal de casa e o lago do esquecimento como estações passadas!!!
O Sangue de Jesus é a única substância trans existente no cardápio mais sofisticado da ciência, capaz de sujar os pecadores e impotentes homens e torná-los mais belos que os anjos, mais brancos que a neve!!!
O amor-próprio natural de Adão, anterior à Queda, que para Tomás de Aquino é indiferente, é identificado por Jansenius como pervertido em concupiscência. Nicole, que descreveu o amor-próprio como um substituto hipocrítico do comportamento virtuoso.Para os trágicos gregos, no século V a. C., a prioridade do amor por si mesmo parecia evidente. Eurípides explica através de Medéia que é natural amar a si mesmo de preferência aos outros e que o amor de si é primordial (Medéia, 86).

Mas a reflexão filosófica antiga não se contenta com uma tal intuição: o “conhece-te a ti mesmo” délfico (que é em seu ponto de partida uma declaração teológica: “saiba que tu és mortal”) adquirirá sucessivamente um sentido moral.

Sócrates explica que aquele que se conhece reconhece que nada sabe, depois metafísico (em Platão) e político (em Aristóteles). Aristóteles designa o verdadeiro philautos, o amante de si mesmo (Et. Nic. IX, 8, 1168a29-30) ao passo que o estoicismo reabilita esse amor doméstico que faz com que eu habite meu corpo.Ovídio, no mito de Narciso: o divino Tirésias, consultado sobre o futuro da criança, havia profetizado uma longa vida si se non noverit, “desde que ele não se conheça”.Mas o jovem homem se enamora de sua própria imagem refletida numa fonte tranqüila; ele pensa tratar-se de um outro: não se pode a princípio falar de conhecimento de si mesmo.

Narciso despende tempo para descobrir que é a ele mesmo que ama. Inicialmente, ele mesmo, no caso de Narciso, é um outro. Mas sua morte pavorosa é causada pela tomada de consciência do amor impossível que experimenta por ele mesmo: “Eu me ardo por mim mesmo e excito o fogo que me devora.”Plotino vê nesse mito um convite a não se deter na imagem, mas considerar a realidade do alto a partir da qual as coisas daqui de baixo são apenas ícones: quem se inclina demasiadamente em direção às realidades visíveis cairá, como Narciso, nas torrentes da morte

Santo Agostinho responde em O Livro dos Espíritos: Um sábio da Antigüidade vos disse: ”Conhece-te a ti mesmo”.Tal aforismo, já inscrito no oráculo de Delfos, nos leva inicialmente a entender que a libertação e alegria do Espírito não consistem em um estado, mas em um processo de busca da verdade em si mesmo, o qual define-se, consoante a pedagogia socrática, em dois momentos: a ironia e a maiêutica.

Através da ironia, ou arte da interrogação, Sócrates levava o discípulo a afastar toda idéia falsa ou ilusão que tivesse do mundo e sobre si mesmo, induzindo-o a chegar à verdade por si mesmo. 

Tal procedimento visa inicialmente pôr a descoberto a vaidade, desmascarar a impostura e seguir a verdade. Ao atacar os cânones oficiais, a ironia socrática parece ter uma feição negativa e revolucionária, no entanto, esse primeiro momento do processo de autoconhecimento é autêntico, uma vez que visa à purificação da alma por via da expulsão de idéias obscuras e ilusórias que esta possui sobre si e que na verdade distanciam a alma de si mesma.

A melhor maneira de promover o autoaperfeiçoamento, afirma Sócrates, é por meio do autoexame, e é apenas através deste reencontro consigo mesmo que se torna possível o renascer da própria consciência, a parturição, ou seja, o trazer à luz as próprias idéias. Apenas aquilo que é decidido de dentro para fora é autêntico e pode nos libertar. Efetivamente, a posse da verdade consiste em uma operação não apenas vital, mas pessoal, em que a forma interrogativa ou dialética permite ao discípulo relembrar a verdade adormecida em sua alma.
É assim que Agostinho de Hipona nos descreve o itinerário dessa busca de autoconhecimento diante de tantos conflitos existenciais que afligiam sua alma quando, dilacerado pelas vaidades e paixões, desperta para as verdades cristãs.nessa ocasião, escreve Confissões, obra na qual dedica-se a perscrutar o abismo da consciência humana, mas o faz também em sua própria consciência.Agostinho inicia assim essa trajetória inicialmente conflitante buscando estabelecer a distinção entre o bem e o mal, para então inverter seu olhar da realidade mundana à interioridade, em uma conversão de valores.

Agostinho afirma o bem como a única realidade positiva, na medida em que o mal consiste em uma privação, decorrente do mau uso da liberdade: procurei o que é o mal, e verifiquei que não é substância, mas perversidade de uma vontade que se afasta da substância suprema — de Vós, meu Deus — na direção das coisas inferiores

Agostinho que, sem dúvida recomendou esse método, foi quem na verdade explorou essa busca de interioridade e a exemplificou em si mesmo, pois sempre buscou mergulhar dentro de si e conscientizar-se de seus erros e defeitos, conforme expõe de forma autêntica em Confissões:
"Quero recordar as minhas torpezas passadas, as corrupções de minha alma, não porque as ame, ao contrário, para te amar, ó meu Deus. É por amor do teu amor que retorno ao passado, percorrendo os antigos caminhos dos meus graves erros."

Efetivamente, após tantos conflitos interiores, o bispo de Hipona busca esse auto-exame de seu passado, busca essa interrogação ou ironia socrática, questionando a si mesmo, não por alguma motivação exterior a si, mas antes como uma forma de amar e exaltar a Deus. Como amar a Deus plenamente sem uma libertação da própria consciência que se julga? Eis aqui a moral autônoma que nos ensina a pedagogia espíritual, na medida em que o Espírito se autolegisla, visando uma libertação da sua própria consciência. Daí o papel decisivo da memória no processo de autoconhecimento, pois é na memória que eu me encontro comigo mesmo, escreve Agostinho, que me lembro de mim mesmo, as coisas que fiz, a época e do lugar em que as fiz, do que sentia ao fazê-las.
O despertar para o amor impele Agostinho à sinceridade consigo próprio e para com Deus, pois à medida que o ser eleva-se moralmente, não mais se satisfaz em enganar a si mesmo. 

Por isso, quando resignados e elevados, a visão do passado constrangedor pede por manifestar-se como uma forma de libertar-se a si mesmo. A consciência autônoma só se liberta quando depara consigo mesma e se aceita. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará, afirma o amoroso mestre.

O amor a Deus é impossível sem a autenticidade da alma para consigo mesma. Não basta à consciência a recompensa exterior farisaica. Recordar primeiramente consiste em apresentar-se à deusa do passado, segundo alegoria platônica, para então viver um presente consciente em função do futuro libertador

Ao infringir o senso moral, à lei imanente ao Espírito, é como se nos distanciássemos da verdade, é como se dilacerássemos, pela vaidade, torpezas e conflitos interiores, a unidade do amor que caracteriza a nossa essência. E esse rompimento com a unidade desvia o Espírito de sua natureza substancial, dispersando-o na contemplação exaustiva do mundo sensível.



                                       3.COMO DOMINAR UM DRAGÃO...



O dragão é um simbolismo para nossos recursos interiores mais profundos. 

Esse “dragão interior” causa o conflito entre : nosso dever como cidadão e nossos desejos e instintos. 

De fato, não podemos fugir de certas regras que tornam o convívio em sociedade possível.

Porém o dragão representaria uma força primitiva que abafamos, adoramos em nome de todo um amor próprio. 

Ele acaba tornando-se fonte de angústias

     . É aquele sentimento de vida perdida 
     . De trabalho em vão. 

     . É uma voz que “baila no ar”, diria Raul Seixas. 

Freud acreditava ser  impossível conciliar as imposições da civilização e os instintos primitivos 

O que podemos fazer?

" Vi nos olhos do dragão minha própria alma”, afirmou um dos personagens que se afastou para viver de forma primitiva." 

A cidade de Berk, por sua vez, conseguiu conciliar os dragões com a vida em comunidade. 

Essa seria, para mim, a proposta utópica do filme: 

Uma sociedade inteira que conciliou a vida em comunidade e a força primitiva representada pelos dragões.
  . Jung e Freud afirmaram que o homem que se desliga de suas forças inconscientes torna-se neurótico e doente.

De certa forma, o cidadão domesticado das grandes cidades é cheio de temores 

    . Nietzsche acusou a modernidade de nos tornar covardes e animais de rebanho.

Olhando para nossas grandes cidades, parece que a maioria das pessoas perdeu essa conexão. 

. Isso acaba apontando para a conclusão pessimista de que, atualmente, apenas uma elite de pessoas consegue equilibrar essas forças antagônicas dentro do homem

- Esse tema foi explorado no filme Eragon, onde apenas uma elite de homens podiam dominar dragões. 
- Eram chamados cavaleiros de dragões e se comunicavam mentalmente com eles.
- Em Eragon, se o cavaleiro morre o dragão morre, mas se o dragão morre o cavaleiro vive sem essa ligação mágica. 
(Torna-se triste e vive das lembranças de quando voava unido ao seu dragão) 

- É uma clara alusão ao inconsciente.
Comunicar-se com o dragão é conseguir o acordo entre consciente e inconsciente . 

Jung chamou esse processo, que leva o homem ao conhecimento de si mesmo, de individuação.

( processo através do qual o ser humano se torna realmente um ‘individuum psicológico’, ou seja, ele se transforma em uma unidade autônoma e indivisivel, se tornando uma totalidade.)

O processo de individuação é considerado o conceito central da Psicologia Junguiana

É a realização do Si mesmo, do Self,no íntimo da alma, podendo ser vivenciado como um mistério profundo, sendo como uma manifestação de um deus interior.

O principal foco da Individuação é o conhecimento de si mesmo.

A individuação busca : 

Estimular o indivíduo a despertar o melhor de si e do outro

Tira-lo do isolamento 

Estimular o outro a empreender uma convivência coletiva maior e saudável.

O processo de individuação busca aproximar o mundo do indivíduo através do caminho do autoconhecimento.

É preciso aprender a lidar com o negativo da mesma maneira que lidamos com o positivo. 

Isso não é milagre! Isso deve ser uma meta!

Assim como o corpo precisa de alimento para se manter e desenvolver, a personalidade também precisa de experiências adequadas para individuar-se.

É fundamental que o Ego participe ativamente do processo

A função do Ego é promover a motivação para a caminhada
. Quando o Ego percorre o caminho no sentido contrário, o processo tende a ser mais doloroso e muito mais árduo.
.Apesar de ocupar uma parte muito pequena da totalidade da psique, ele é dotado de uma função básica e fundamental:

.O Ego é altamente seletivo. 

.Cabe a ele realizar a importante tarefa de fornecer à personalidade elementos de identidade e continuidade através do processo de seleção.

. O  desenvolvimento de uma personalidade distinta e persistente.

. O ser humano só poderá individualizar-se na medida em que o Ego for permitindo que as experiências recebidas se tornem parte da Consciência.

. A Consciência e a Individuação caminham juntas, passo a passo no desenvolvimento de uma personalidade, . O início da formação da Mente Consciente marca também o início do processo de Individuação.

. A Psicoterapia do Espirito tem esse papel fundamental no contexto do autoconhecimento 

- Fortalecimento e direcionamento do Ego, no sentido de que Ele e o ser humano se unam na tarefa do pensar.

. Podemos afirmar que o processo terapêutico do Espirito é de fato o processo de individuação.

.O Espirito nos aponta que o Ego de uma pessoa altamente Individuada permite que um maior número de elementos psíquicos se torne consciente, gerando assim um um auto-conhecimento fundamental em sua estrutura.

Linhas esotéricas, afirmam que tal conexão só pode ser atingida através de um trabalho árduo, tanto físico quanto interior,e um processo conseguido por pouquíssimas pessoas, parece ser algo elitista.

Defendo que isso pode ser conseguido por qualquer pessoa que se disponha a ser tratado pelo Espirito de Deus
Soluço, o personagem principal do filme “Como Treinar seu Dragão”, acreditava que todos podem dominar seus dragões. 

Mas Eragon sugere que apenas uma elite pode conseguir isso (como o super homem de Nietzsche). 

. Felizmente,ao contrário do que se afirma,todos podem conseguir essa proeza. 

São aqueles que não acreditaram no mito da modernidade e resolveram seguir os valores da Bíblia, mesmo vivendo dentro do necessário contrato social.
Esta dificílima habilidade de conciliar o contrato social com as forças primitivas do homem e valores da Bíblia sugere, por si só, a constituição de um grupo raro. 

E esta elite :

- Reconhece sua distância em relação à maioria das pessoas, 

   - Tal como no simbolismo do cavaleiro de dragão que não voa alto e observa a população como no filme           - Dispõe a morrer no voo do destino da humildade
   - Desemboca na misericórdia divina. 

- Como voam em dimensões incomuns, raramente são vistos por nós. 

- Quando são avistados, raramente são compreendidos pelo cidadão urbano, temeroso e limitado.

-  O domínio desse dragão ( imposições da civilização e os instintos primitivos ),faz dessas forças,fontes de invenções valiosas.

Ao contrário do que mostra o filme,por isso chamo de utopia

- Quando uma cidade decide viver adaptada aos dragões, não é a harmonia que vem e nem a paz. mas a destruição
. Pois o espirito humano desregrado causa danos ao jardim comunitário humano
. Quando dominado leva o homem à níveis altos de aperfeiçoamento ( individuação ).

Nesse "ambiente" pode cumprir-se as palavras de Paulo

"Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus..",pois o ser humano percorre o caminho que agrada a Deus e naturalmente tudo irá concorrer para o nosso bem.(Romanos 8:28).

Nesse caminho Deus pega nossas falhas e as transforma pelo processo da individuação em pérolas preciosas ou "atos de humildade"

Nossos entulhos Deus transforma num edifício da perfeição.

As falhas humanas nas mãos de Deus são como o combustível que alimenta as chamas do fogo do amor divino,que eu chamo de misericórdia,que não nos dá pelo que somos e fazemos o que merecíamos: sua ira
Deus tem o poder de reverter nossos desacertos em provisão: isso se chama "Misericórdia".

Porém para isso acontecer é necessário o auto-conhecimento