quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Corpo,Alma e Espirito

                       TRICOTOMIA : ESPIRITO,ALMA E CORPO


De acordo com o entendimento generalizado, os seres humanos apresentam uma constituição dualística:

1. Alma  

2.Corpo 

Essa concepção estabelece que a alma é a parte espiritual, invisível, interior; enquanto o corpo é a parte corpórea, visível, exterior. 

Há alguma verdade nisso, entretanto não se trata de um conceito preciso. Tal opinião procede do homem decaído,não de Deus. 

E claro que o corpo é o revestimento exterior do homem. Não há dúvida disso. Contudo a Bíblia jamais confunde espírito e alma. Ela não os apresenta como elementos idênticos. São conceitos diferentes, e têm naturezas diversas, também. 

A Bíblia ensina,claramente,que o homem constituído de três partes :

1.Espírito

2.Alma 

3.Corpo. 

É o que lemos em 1 Tessalonicenses 5.23: "O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo". 

Esse versículo mostra de modo preciso que o homem é dividido em três partes. O apóstolo Paulo se refere aqui à santificação completa do crente, dizendo "vos santifique em tudo". 

Então,de acordo com o apóstolo, como é que uma pessoa é santificada em tudo? Pela conservação do seu espírito, da sua alma, e do seu corpo. Por isso podemos entender facilmente que somos constituídos dessas três partes. Esse versículo faz também uma distinção entre o espírito e a alma. Se assim não fosse, Paulo teria dito simplesmente "vossa alma". Deus fez distinção entre o espírito e a alma humana. 

Concluímos então que o homem é constituído não de duas, mas de três partes: espírito, alma e corpo. 

Será que é importante considerar a existência de espírito e alma como duas entidades distintas? 

É uma questão de importância suprema, pois afeta grandemente nossa vida espiritual. 

Como é que um crente poderá entender a vida espiritual, se não souber qual é a extensão da esfera do espírito? Sem essa compreensão, como é que ele poderá crescer espiritualmente? 

Se não fizermos distinção entre o espírito e a alma, não chegaremos à maturidade espiritual. Os cristãos muitas vezes vêem os aspectos da alma  como sendo espirituais. Por isso deixam-se orientar pela alma , não buscando o que é realmente espiritual. Certamente teremos prejuízo se acharmos que esses elementos que Deus separou são um só. 

O conhecimento espiritual é muito importante para a vida espiritual. Entretanto tão importante quanto isso (se não mais) é que o crente seja humilde e esteja desejoso de aceitar o ensino do Espírito Santo. O Espírito concederá, a quem satisfizer essa condição, a bênção de experimentar na prática a divisão entre espírito e alma, mesmo que o conhecimento desse crente nessa área seja limitado. É certo que todo cristão, até o que não tem a menor idéia dessa doutrina, pode conhecê-la por experiência. E é certo, também, que o crente mais instruído, inteiramente versado nessa verdade, pode não tê-la experimentado. O ideal é que detenhamos tanto o conhecimento como a experiência. 

A maioria, porém, carece da experiência. Portanto, no início, é bom conduzir os mais novos ao conhecimento das diversas funções do espírito e da alma, para depois incentivá-los a buscar o que é espiritual. 

Existem outros textos das Escrituras que fazem a mesma distinção entre espírito e alma. 

"Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração." ( Hebreus 4.12

Nesse versículo, o escritor divide os elementos não-corpóreos do homem em dois: "alma e espírito". A parte corpórea aqui são as juntas e medulas - órgãos do movimento e dos sentidos.Quando o sacerdote usava a espada para cortar e dividir completamente as partes do animal imolado,nada no interior podia ficar escondido. Havia separação até entre juntas e medulas. Da mesma forma, o Senhor Jesus aplica a Palavra de Deus ao seu povo para separar tudo, para penetrar até a divisão do espírito, da alma  e do corpo. A alma e o espírito podem ser divididos; logo, possuem naturezas diferentes. Desse modo, torna-se evidente que o homem é constituído de três partes.

1. A CRIAÇÃO DO HOMEM

"Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente." ( Gênesis 2.7 ) 

No início, Deus criou o homem, formando-o do pó da terra.Depois soprou "o fôlego de vida" em suas narinas.Tão logo o fôlego de vida, que se tornou o espírito do homem, entrou em contato com o corpo, a alma foi gerada. 

Portanto a alma é resultado da união do corpo com o espírito. E por isso que as Escrituras chamam o homem de "alma vivente". O fôlego de vida tornou-se o espírito do homem, que é o princípio de vida que há nele. O Senhor Jesus diz que "o espírito é o que vivifica" (João 6.63). Esse fôlego de vida vem do Senhor da criação.

Todavia não devemos confundir o "espírito do homem" com o Espírito Santo de Deus. Este último é diferente do espírito humano. Podemos ver essa diferença em Romanos 8.16, que declara que o "Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" . 

O termo original traduzido como "vida" na expressão "fôlego de vida" é chay, e está no plural. Isso pode estar indicando que o sopro de Deus produziu uma vida dupla: a vida da alma e a do espírito. Quando o sopro de Deus entrou no corpo do homem, tornou-se o espírito do homem. Assim que o espírito interagiu com o corpo, a alma passou a existir. Essa é a origem da vida do espírito e da alma . 

Precisamos reconhecer, porém, que esse espírito não é a própria vida de Deus, pois "o sopro do Todo-Poderoso me dá vida" (Jó 33.4). 

Também não se trata da vida eterna de Deus, nem tampouco da vida de Deus que receberemos por ocasião da regeneração. Essa vida, a que recebemos no novo nascimento,é a própria vida de Deus tipificada pela árvore da vida. Nosso espírito, embora existindo permanentemente, é destituído da "vida eterna".

A expressão "formou ao homem do pó da terra" refere-se ao corpo do homem. A frase "e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida" fala do espírito do homem,que veio de Deus. "E o homem passou a ser alma vivente" , relata a criação da alma do homem, quando o corpo foi vivificado pelo espírito e ele se tornou um ser vivo e consciente de si. 

O homem completo é uma trindade. E composto de espírito, alma e corpo. De acordo com Gênesis 2.7, ele foi feito de apenas dois elementos independentes: o corpóreo e o espiritual.

Contudo, quando Deus soprou o espírito dentro daquela estrutura de terra, a alma foi gerada. O espírito do homem, em contato com o corpo inanimado, gerou a alma. O corpo separado do espírito estava morto; com o espírito, porém, o homem passou a viver. O elemento constituinte que resultou disso foi chamado de "alma".

A frase "e o homem passou a ser alma vivente"não expressa apenas o fato de que a combinação do espírito com o corpo produziu a alma. Indica, também, que o espírito e o corpo estavam completamente fundidos nessa alma. Em outras palavras, a alma e o corpo estavam juntos com o espírito, e o espírito e o corpo, fundidos na alma. "Em seu estado anterior à queda, Adão nada sabia dessas incessantes lutas entre espírito e carne, que, para nós, são experiências diárias. Suas três naturezas se uniam perfeitamente, formando uma só. A alma, como fator de unidade, tornou-se a base de sua individualidade, de sua existência como ser distinto. O homem foi denominado "alma vivente" porque era nesta que o espírito e o corpo se encontravam, e nela também se manifestava sua individualidade. 

Talvez possamos usar uma ilustração, ainda que imperfeita: 

Se derramarmos um pouco de tintura num copo d'água, os dois elementos vão se misturar, formando algo diferente, a tinta de escrever. Da mesma forma,espírito e corpo, dois elementos independentes, unem-se tornando-se alma vivente. (A analogia não é perfeita porque a alma, gerada pela combinação do espírito com o corpo, torna-se um elemento independente e indissolúvel, tanto quanto o espírito e o corpo.)

Deus dispensou um tratamento todo especial à alma do homem; 

Os anjos foram criados como seres espirituais; o ser humano, predominantemente como alma vivente. O homem, além de ter corpo, possuía também o fôlego da vida. Por isso tornou-se alma vivente também. Assim é que, nas Escrituras, Deus freqüentemente se refere aos homens como "almas". 

E por que isso? Porque aquilo que o homem é depende de como é sua alma. Esta o representa e expressa sua individualidade. É a sede do livre-arbítrio do homem,o lugar onde o espírito e o corpo se unem de maneira perfeita. Se a alma do homem quiser obedecer a Deus, permitirá que o espírito o governe, conforme ordenado por Deus. Se ela preferir, poderá, também,na condição de dominadora do homem, reprimir o espírito e deleitar-se fora do Senhor. 

Esta trindade, espírito, alma e corpo, pode ser ilustrada, ainda que de modo imperfeito, por meio de uma lâmpada elétrica:

Dentro da lâmpada, que representa o homem total, existem a eletricidade, a luz e o filamento. O espírito seria a eletricidade; a alma, a luz; e o corpo, o filamento. A eletricidade é a causa da luz, e a luz é o efeito da eletricidade. O filamento é o elemento material que conduz a eletricidade e também manifesta a luz. A combinação do espírito com o corpo produz a alma, aquilo que é singular no homem. A eletricidade,conduzida pelo filamento, manifesta-se através da luz; do mesmo modo o espírito atua sobre a alma que,por sua vez, expressa a si mesma através do corpo.

Existe, porém, uma verdade que deve estar bem presente em nossa lembrança. Na vida atual, a alma é o ponto de convergência dos elementos constitutivos do nosso ser. Em nosso estado ressurreto, porém, o espírito será o poder governante. Isso porque a Bíblia diz que "semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual" (1 Co 15.44). 

Todavia eis aqui um ponto vital: nós, que fomos unidos ao Senhor ressurreto,podemos, já no presente, ter nosso espírito governando todo o nosso ser. Não estamos unidos ao primeiro Adão, feito alma vivente, mas ao último, que é espírito vivificante (Romanos 15: 45).



FUNÇÕES CARACTERÍSTICAS DO ESPÍRITO, DA ALMA E DO CORPO

É através do corpo físico que o homem entra em contato com o mundo material. Portanto podemos de-fini-lo como o elemento que nos possibilita ter consciência do mundo. 

A alma compreende o intelecto (que nos ajuda na presente existência) e as emoções (que procedem dos sentidos). A alma pertence ao próprio ego do homem e revela sua personalidade,por isso é denominada de autoconsciência. É através do espírito que temos comunhão com Deus e somente por ele podemos compreendê-lo e adorá-lo. Por isso se diz que ele é o elemento que nos confere consciência de Deus. 

Deus habita no espírito; o eu, na alma; e os sentidos, no corpo.

Conforme já dissemos, a alma é o ponto de convergência do espírito e do corpo; é nela que eles seu nem. Por meio do seu espírito, o homem se relaciona com o mundo espiritual e com o Espírito de Deus, recebendo e também expressando o poder e a vida do reino espiritual. Através do corpo, o homem entra em contato com o mundo exterior dos sentidos, influenciando-o e sendo influenciado por ele. A alma permanece entre esses dois mundos e pertence a ambos. Está ligada ao mundo espiritual, através do espírito, e ao material, por meio do corpo. Ela possui também o poder do livre-arbítrio, por isso é capaz de tomar decisões relacionadas com o meio em que se encontra.

O espírito não pode atuar diretamente sobre o corpo.Precisa de um intermediário, a alma que, por sua vez,é gerada pelo contato do espírito com o corpo. Portanto a alma fica entre o espírito e o corpo, unindo-os.

Por intermédio da alma, o espírito pode subjugar o corpo, para que obedeça a Deus. Da mesma forma, o corpo, através da alma, pode levar o espírito a ter amor pelo mundo.

Desses três elementos, o espírito é o mais nobre porque se une com Deus. O corpo é o inferior, pois está em contato com a matéria. Situada entre eles, a alma os une e recebe o caráter de ambos, como sendo dela própria. Ela também torna possível a comunicação e a cooperação entre o espírito e o corpo. 

A função da alma é manter esses dois elementos num relacionamento harmonioso. Isto é, o corpo, que é o inferior, fica subordinado ao espírito; e o espírito, que é o mais elevado governa o corpo através da alma. O principal elemento constituinte do homem é, sem sombra de dúvida, a alma. Ela busca no espírito aquilo que ele recebeu do Espírito Santo. Em seguida,depois de aperfeiçoada, ela transmite ao corpo aquilo que recebeu. Assim, o corpo também poderá participar da perfeição do Espírito Santo, tornando-se corpo espiritual.

O espírito é a parte mais nobre do homem e ocupa o mais profundo do seu ser. O corpo é a menos nobre,e acha-se situado na parte mais externa. Entre os dois,encontra-se a alma, servindo de intermediária. O corpo é o abrigo dentro do qual a alma se aloja. Esta é a "capa" que reveste o espírito. 

O espírito transmite seu pensamento à alma, e esta capacita o corpo a obedecer ao comando do espírito. Essa é a função da alma como intermediária. Antes da queda do homem, o espírito controlava todo o ser por meio da alma.

O poder da alma é muito grande. Como o espírito e o corpo se acham unidos nela, ela se torna o centro da personalidade e da influência do homem. Antes do pecado, esse poder se concentrava completamente no espírito. A força dela, portanto, vinha do espírito. Este, por si, não pode atuar sobre o corpo; somente por intermédio da alma. 

Vemos isso em Lucas 1.46,47: "A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador". "

A mudança no tempo verbal mostra que, primeiro, o espírito experimentou a alegria em Deus e, depois, comunicando-se com a alma, levou-a a expressar esse mesmo sentimento por meio do corpo." 

Repetindo, a alma é a sede da personalidade. É nela que se acham a vontade, o intelecto e as emoções.

Através do espírito, o homem se comunica com o mundo espiritual, e através do corpo, com o natural.

A alma fica no meio e exercita seu poder para discernir e decidir quem deve reinar: o mundo espiritual ou o natural. Algumas vezes, também, ela mesma exerce controle sobre o homem, por meio do intelecto, criando um mundo ideal, que passa a reinar. Para que o espírito governe, a alma precisa dar seu consentimento. Caso ela não o dê, ele fica sem condições de comandar a alma e o corpo. Essa decisão, porém, cabe à alma, pois é nela que reside a personalidade do homem.

Na verdade, a alma é a espinha dorsal de todo o ser,porque a vontade do homem pertence a ela. Só quando a alma se dispõe a assumir uma posição de humildade é que o espírito pode dirigir todo o homem. Se a alma se rebela contra essa tomada de posição, o espírito fica sem poder para governar. 

Isso mostra o que é o livre-arbítrio do homem. Este não é um autômato que deve se mover conforme a vontade divina. Pelo contrário, ele tem o poder pleno e soberano de decidir por si. Tem vontade própria, podendo deliberar entre fazer a vontade de Deus, ou resistir-lhe e seguir a Satanás. Deus quer que o espírito, como a parte mais nobre do homem, controle todo o seu ser. No entanto a vontade, a parte de sua individualidade que toma as decisões, pertence à alma. E é a vontade que determina se quem deve governar é o espírito, o corpo, ou ela mesma. Além de possuir esse poder, a alma é o elemento que define a individualidade do homem; por isso a Bíblia o chama de "alma vivente".


                                       O TEMPLO SANTO E O HOMEM


O apóstolo Paulo escreve o seguinte: "Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Co 3.16.) 

Por uma revelação do Senhor, ele comparou o homem com o templo de Salomão. Anteriormente, Deus habitava no templo. Do mesmo modo, hoje, o Espírito Santo habita no homem. 

Analisando essa comparação do ser humano com o templo, podemos ver como os três elementos constitutivos do homem se manifestam de modo distinto.

Sabemos que o templo estava dividido em três partes. 

. A primeira era o átrio externo, onde todos podiam entrar. Ali se prestava todo o culto exterior. 

. Mais para dentro estava o Santo Lugar onde só os sacerdotes podiam entrar para oferecer a Deus o óleo, o incenso e o pão. Ali eles se achavam bem próximos de Deus, mas ainda havia certa distância entre eles e o Senhor, pois se encontravam do lado de fora do véu e, portanto, sem condições de permanecer na presença dele.

. Deus habitava no ponto mais profundo, bem dentro do templo, no Santo dos Santos, onde uma brilhante luz dispersava as trevas, e onde nenhum homem podia entrar. Apenas o sumo sacerdote podia entrar ali, e somente uma vez por ano. Antes de o véu ser rasgado, nenhum outro homem podia estar no Santo dos Santos.

O homem também é templo de Deus e, de igual modo, é constituído de três partes. 

. O corpo é como o átrio exterior, e ocupa uma posição visível a todos.Nele, o homem deve obedecer a todos os mandamentos divinos. Aí o Filho de Deus morre pela humanidade como substituto dela. 

. Por dentro, está a alma, que constitui a vida interior. Ela contém a mente, as emoções e a vontade. É o Santo Lugar de uma pessoa regenerada, pois seu amor, sua vontade e seu pensamento acham-se plenamente iluminados, para que possa servir a Deus, como fazia o sacerdote no passado. 

. No mais interior, além do véu, está o Santo dos Santos, onde jamais penetraram a luz e o olhar humanos. E "o esconderijo do Altíssimo", a habitação de Deus. O homem só pode ter acesso a ele se o Senhor quiser rasgar o véu. E o espírito do homem, que jaz além da autoconsciência do ser humano e acima de sua sensibilidade. Aí o homem se une a Deus e tem comunhão com ele.

No Santo dos Santos, não há nenhuma lâmpada,pois Deus habita nele. No Santo Lugar existe a luz do candelabro com sete hásteas. O átrio exterior recebe a luz do dia em toda a sua plenitude. Tudo isso é imagem e figura do homem regenerado. Seu espírito é o Santo dos Santos, onde Deus habita. Nele, tudo se realiza pela fé, e nada pela vista, pelos sentidos ou pelo entendimento do crente. 

A alma simboliza o Santo Lugar, amplamente iluminada por numerosos pensamentos e preceitos racionais, muito conhecimento e entendimento concernentes às coisas do mundo ideal e do material. 

O corpo é comparável ao átrio exterior,claramente visível a todo mundo. As ações do corpo acham-se à vista de todos.

A seqüência estabelecida por Deus para nós não deixa margem a dúvida: "vosso espírito, alma e cor-

po" (1 Ts 5.23). Aí não diz "alma, espírito e corpo", nem tampouco "corpo, alma e espírito". O espírito é a parte preeminente, daí ser mencionada primeiro. O corpo é a inferior, por isso é citada por último. A alma ocupa uma posição intermediária, daí o fato de ser mencionada entre os dois. Ao examinar essa ordem determinada por Deus, podemos sentir toda a sabedoria da Bíblia ao comparar o homem a um templo.

Vemos que há perfeita harmonia entre o templo e o homem, tanto no tocante à ordem, quanto ao valor de cada parte. O serviço do templo se realiza segundo a revelação no Santo dos Santos. Todas as atividades do Santo Lugar e do átrio exterior são reguladas pela presença de Deus no Santo dos Santos, o lugar mais sagrado. É para ele que os quatro cantos do templo convergem e sobre ele se apoiam. A nós pode parecer que nada se faz nesse lugar, pois é escuro como breu. Todas as atividades se desenrolam no Santo Lugar. Até mesmo as atividades do átrio exterior são controladas pelos sacerdotes no Santo Lugar. Entretanto todas as atividades do Santo Lugar, na verdade, são dirigidas pela revelação, que chega à quietude e paz total existentes no Santo dos Santos.

Não é difícil perceber a aplicação espiritual dessa figura. A alma, a sede da nossa personalidade, é com- posta de mente, vontade e emoção. Parece que ela é senhora de todas as ações, pois o corpo segue seu comando. Antes da queda, porém, e a despeito de suas muitas atividades, a alma era governada pelo espírito. E a seqüência desejada por Deus continua sendo primeiro o espírito, depois a alma, e por último o corpo.


O ESPIRITO E ALMA


O ESPÍRITO


E essencial que o crente saiba que possui um espírito, uma vez que toda comunicação de Deus com o homem se processa por meio dele. Então vamos aprender isso. 

Se o crente não discerne seu espírito,certamente não terá condições de comungar com Deus em espírito. Assim, facilmente confunde as obras do espírito com os pensamentos e emoções da alma. Dessa forma, fica limitado à sua esfera exterior,sempre incapaz de alcançar a espiritual.

• Em 1 Coríntios 2.11, Paulo fala do "espírito do homem, que nele está" .

• Em 1 Coríntios 5.4, do "meu espírito".

• Em Romanos 8.16, do "nosso espírito".

• Em 1 Coríntios 14.14, usa a expressão "meu espírito".

• Em 1 Coríntios 14.32, fala dos "espíritos dos profetas".

• Em Provérbios 25.28, há uma referência ao "seu próprio espírito" .

• Em Hebreus 12.23, está registrada a expressão "espíritos dos justos aperfeiçoados".

• Em Zacarias 12.1, lemos que "o Senhor... formou o espírito do homem dentro dele".

Esses versículos das Escrituras são suficientes para provar que nós, seres humanos, possuímos um espírito. Ele não equivale à nossa alma, nem é o mesmo que o Espírito Santo. É nesse espírito que adoramos a Deus.

De acordo com o ensino da Bíblia e a experiência dos crentes, podemos dizer que o espírito humano possui três funções principais: 

. Consciência

. Intuição

. Comunhão. 

A consciência é responsável pelo discernimento. Ela é capaz de distinguir entre certo e errado. Isso não se dá, porém, pela influência do conhecimento acumulado na mente, mas por um julgamento espontâneo e direto. Freqüentemente o raciocínio procura justificar atos e atitudes que nossa consciência julga errados. O trabalho da consciência é independente e direto; ela não se curva às opiniões exteriores. Se alguém comete um erro, ela logo levanta a voz de acusação. A intuição é o lado sensitivo do espírito humano. É completamente diferente das sensações físicas e da sensação da alma , também chamada de intuição. A intuição do espírito envolve um sentimento direto e independente de qualquer influência externa. O tipo de conhecimento que obtemos sem nenhuma participação da mente, da emoção ou da vontade vem através da intuição. Na realidade, é por meio desta que "conhecemos" tudo. A mente simplesmente nos ajuda a "entender". 

O crente tem ciência das revelações de Deus e de todo o mover do Espírito Santo por intermédio da intuição. Devemos,portanto, estar atentos à voz da consciência e ao ensino da intuição. A comunhão é adoração a Deus. As faculdades da alma são incapazes de adorar ao Senhor. Nossos pensamentos, sentimentos e intenções não podem ter percepção de Deus. Somente o espírito pode ter um conhecimento direto dele. Nossa adoração a Deus e toda comunicação de Deus para conosco ocorre diretamente no espírito. Acontecem no "homem interior", não na alma, nem no homem exterior.

Podemos concluir, então, que a consciência, a intuição e a comunhão são elementos intimamente relacionados, que funcionam de forma coordenada. A consciência julga segundo a intuição e condena toda conduta que não segue a orientação dada por esta. E nisso consiste a relação entre elas. A intuição se relaciona com a comunhão ou adoração, uma vez que o homem conhece a Deus pela intuição, e também por ela o Senhor lhe revela sua vontade. Jamais alcançamos o conhecimento de Deus através da expectativa ou por dedução.

Com base nos três grupos de versículos bíblicos que damos a seguir, podemos observar que nosso 

espírito possui a função da consciência (não estamos dizendo que o espírito ê a consciência), da intuição (ou sentido espiritual), e da comunhão (ou adoração).


I.  A Função da Consciência no Espírito do Homem


• "Salva os de espírito oprimido" (Sl 34.18).

• "Renova dentro de mim um espírito inabalável" (Sl 51.10).

• "Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito" (Jo 13.21).

• "O seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade" (At 17.16).

• "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus" (Rm 8.l6).

• "Presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente" (1 Co 5.3).

• "Não tive, contudo, tranqüilidade no meu espírito" (2 Co 2.13).

• "Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia" (2 Tm 1.7).


II. A Função da Intuição no Espírito do Homem


• "O espírito, na verdade, está pronto" (Mt 26.41).

• "E Jesus, percebendo logo por seu espírito" (Mc 2.8).

• "Jesus, porém, arrancou do íntimo do seu espírito um gemido" (Mc 8.12).

• "Jesus... agitou-se no espírito e comoveu-se" (Jo 11.33).

• "Foi Paulo impulsionado no espírito" (At 18.5 ).

• "Sendo fervoroso de espírito" (At 18.25).

• "E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém" (At 20.22).

• "Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está?" (1 Co 2.11.)

• "Porque trouxeram refrigério ao meu espírito e ao vosso" (1 Co 16.18).

• "Cujo espírito foi recreado por todos vós" (2 Co 7.13).

III.  A Função da Comunhão no Espírito do Homem


• "E o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador" (Lc 1.47).

• "Os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade" (Jo 4.23).

• "Deus, a quem sirvo em meu espírito" (Rm 1.9).

• "De modo que servimos em novidade de espírito" (Rm 7.6).

• "Recebestes o espírito de adoção, baseado no qual clamamos: Aba, Pai" (Rm 8.15).


• "O próprio Espírito testifica com o nosso espírito" (Rm 8.16).

• "Aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele" (1 Co 6.17).

• "Cantarei com o espírito" (1 Co 14.15).

• "E, se tu bendisseres apenas em espírito" (1 Co 14.16).

• "E me transportou, em espírito" (Ap 21.10).


Essas passagens mostram que nosso espírito pos-

sui, pelo menos, essas três funções. Os incrédulos


também as possuem, embora ainda não tenham vida.

(E o culto deles é dirigido aos espíritos malignos.)


Alguns manifestam essas funções em grau maior; ou-

tros, em menor grau. Isso não significa, porém, que


não estejam mortos em seus delitos e pecados. De a-

cordo com o Novo Testamento, um indivíduo não es-

tá salvo só por ter uma consciência dotada de sensibi-

lidade, uma intuição aguda, ou a tendência e o inte-

resse pelas coisas espirituais. Isso apenas constitui


prova de que, além da mente, da emoção e da vonta-

de, que constituem nossa alma, possuímos também


um espírito. Antes da regeneração, o espírito está se-

parado da vida de Deus. Só depois dela é que a vida


de Deus e do Espírito Santo passam a habitar em nos-

so espírito, que assim é vivificado para ser instrumen-

to do Espírito Santo.


Estudamos a importância do espírito para entender

melhor o fato de que nós, seres humanos, possuímos

um espírito independente. O espírito não é a mente,


nem a vontade, nem a emoção do homem. Suas fun-

ções são a consciência, a intuição e a comunhão. É aí,


no espírito, que Deus nos regenera, nos ensina e nos

conduz ao seu descanso. Lamentavelmente, contudo,

muitos cristãos conhecem bem pouco do seu espírito,

por causa dos longos anos que vivem presos à alma.

Devemos orar a Deus fervorosamente, pedindo-lhe

que nos ensine, pela experiência, a distinguir o que é

espiritual e o que é da alma (**).


Antes de o crente nascer de novo, seu espírito a-

cha-se tão imerso na alma que ele não consegue dis-

tinguir o que emana da alma do que emana do espíri-

to. As funções deste misturam-se com as daquela. A-

lém disso, o espírito perdeu sua função principal - a


de relacionar-se com Deus - já que está morto para o


Senhor. É como se ele se tivesse tornado um acessó-

rio da alma. E quando a mente, a emoção e a vontade


se fortalecem, as funções do espírito ficam tão apaga-

das que quase se tornam desconhecidas. É por isso


que, depois da regeneração, o crente precisa aprender

a fazer distinção entre a alma e o espírito.


Examinando algumas passagens das Escrituras, pa-

rece-nos que o espírito não-regenerado opera do


mesmo modo que a alma. Os versículos seguintes i-

lustram essa conclusão:

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