Há a crença dos cananeus da existência dos deuses chamados Astarote, Renfã, Dagom, Adrameleque, Nibaz, Asima, Nergal, Tartaque, Milcom, Astarote, Renfã e Baal. Sobre este último, há o fato de que podia responder com fogo ao ser invocado por seus sacerdotes.
Há também conto egípcio de que o Nilo, o sol e o próprio Faraó eram divinos; outro do filisteu rei-peixe Dagom; e que o Deus de Israel precisava de uma oferta de hemorróidas e ratos de ouro para ser apaziguado.
Para não falar do cananeu da Rainha dos Céus, que exigia incenso e libações (bolos) dos adoradores (Jeremias 44.17-25).
Outro na Bíblia é que o sol, a lua e as estrelas eram deuses, crença essa que sempre foi popular entre os judeus e radicalmente combatido pelos profetas (II Reis 23.5,11; Ezequiel 8.16).
A crença pagã de monstros e serpentes marinhas é mencionado em Jó, Salmos e Isaías, em contextos de luta contra o Deus de Israel, em que eles representam os poderes do mal, os povos inimigos de Israel (Jó 26.10-13; Salmos 74.13-17; Isaías 27.1). A lista é enorme.
Há muitas crenças espalhados pelos livros do Antigo Testamento.
O livro de Jó cita crenças de outros povos, como Rahab e Leviatã.
Os profetas, apóstolos e autores bíblicos se esforçaram por mostrar que as crenças eram conceitos humanos, falsos, e em chamar o povo de Deus a submeter-se à revelação do Deus que se manifestou poderosa e sobrenaturalmente na História.
Eles sempre estiveram empenhados em separar mitologia de história real, e invenções humanas da revelação de Deus. Elias desmitificou Baal no alto do Carmelo. Moisés também desmitificou o Nilo, o sol e o próprio Faraó, provando, pelas pragas que caíram, que a divindade deles era só mito mesmo.
E quando ele queimou o bezerro de ouro e o reduziu a cinzas, desmitificou a idéia de que foi o bovino dourado quem tirou o povo de Israel do Egito.
O próprio Deus se encarregou de derrubar a crença de Dagom, rei-peixe dos filisteus, quando a sua imagem caiu de bruços diante da Arca do Senhor e teve a cabeça cortada (I Samuel 5.2-7).
No Novo Testamento, o apóstolo Paulo se refere por quatro vezes aos mythoi (grego).
Mitos são estórias profanas (I Timóteo 4.7), que promovem controvérsias em vez da edificação do povo de Deus na fé (I Timóteo 1.4).
Entre os próprios judeus havia muitas dessas crenças (Tito 1.14). E já que as pessoas preferem as crenças à verdade (II Timóteo 4.4), Timóteo e Tito, a quem Paulo escreveu essas passagens, deveriam adverti-las, e eles mesmos deveriam se abster de se deixar envolver nessas crenças.
A advertência era necessária, pois os cristãos das igrejas sob a responsabilidade deles vinham de uma cultura permeada por crenças. O próprio Paulo se deparou várias vezes com essas crenças.
Uma delas foi em Listra, quando a multidão o confundiu, juntamente com Silas, com os deuses do Olimpo e queria sacrificar-lhes (Atos 14.11).
Outra vez foi em Éfeso, quando teve de enfrentar a crença local de que uma estátua da deusa Diana havia caído do céu, da parte de Júpiter, o chefe dos deuses (Atos 19.35).
Em todas essas ocasiões, Paulo procurou afastar as pessoas das crenças e trazê-las para a fé na ressurreição de Jesus Cristo. De acordo com Paulo, crenças são criações humanas, oriundas da recusa do homem em aceitar a verdade de Deus. Ao rejeitar a revelação de Deus, os homens inventaram para si deuses e histórias sobre esses deuses, que são as religiões pagãs (Romanos 1.17-32).
Pedro também estava perfeitamente consciente do que era uma crença. Quando ele escreve aos seus leitores acerca da transfiguração e da ressurreição de Jesus Cristo, faz a cuidadosa distinção entre esses fatos que ele testificou pessoalmente e mithoi, “crenças engenhosamente inventadas” (2 Pe 1.16). Ele sabia que a história da ressurreição poderia ser confundida com uma crença, algo inventado espertamente pelos discípulos de Jesus.
Ao que parece, Paulo e Pedro, juntamente com os profetas e autores do Antigo Testamento, estavam perfeitamente conscientes da diferença entre uma história real e outra inventada. Seus escritos mostram claramente que eles estavam conscientes da diferença entre uma história inventada e fatos reais.
Nem vou aqui comentar sobre as experiências de Paulo em Éfeso e a queima dos livros e parafernália relacionada à deusa Diana ( Atos 19 ),mas lembrar que em todas as crenças citadas,a Bíblia não faz gozações e brincadeirinhas com elas,mas as confronta com seriedade.
Por isso,nesse post vou me ater ao ensino paulino em 1 Coríntios 8:1-11:1,onde ele trata da comida sacrificada a ídolos,já que eu trouxe o assunto,quanto ao tal bom bom.
1. O SABER CONCERNENTE A ÍDOLOS ( 8:1-6 )
Hoje,achamos estranho a dúvida que os primeiros cristãos tinham para com a comida oferecida à ídolos ( eu acho estranho que cristãos que possuem a palavra,ainda tem conceitos tão hereges sobre o assunto ).
É obvio ( de acordo com Paulo ) que eles não podiam ter nenhum intercâmbio com a idolatria.
Mas a coisa não era tão fácil para o recém convertido em Corinto no Século I.
A situação era complicada por 2 fatos :
1. Era uma prática social aceitável : comer comida associada à um ídolo.( fazia parte da etiqueta ou cultural).Pública ou privada onde se reunia era ocasião para a prática,e não levar isso em conta era ser anti social.
Na visão contemporânea imaginamos : como pode haver qualquer dano comer,que diferença pode fazer a comida oferecida à uma crença?
( No Velho Testamente,os reis provocavam Deus ao implantar crenças idólatras em seus governos e mesmo alguns destruindo-as os chamados "altos" eram mantidos )
2. A maior parte dos alimentos "vendidos" nos armazéns tinham sido oferecidos,o que não se utilizava era vendido.Era muito difícil saber se a tal comida fora ou não oferecida.
Há duas questões distintas aqui:
a) Tomar parte em festividades idolátricas
b) Comer comida comprada nos armazéns que fora oferecida
Paulo começa sua exortação com o maior de todos os dons e o que rege a vida: A Lei do Amor
1. "No que se refere" (7:1). É a mesma formula ("Quanto ao que").
Essa era outra questão levantada pelos coríntios.Paulo contrasta o "conhecimento" com o amor,mostrando que o "saber" ensoberbece ( 4:6),onde é comum o orgulho acompanhar o saber,que é uma antítese do verdadeiro espirito cristão.
Paulo usa a palavra ἀγαπᾷ para mostrar contraste com o saber :enquanto este último ensoberbece e o faz parecer grande,o outro é que pode fazer crescer à plena estatura (οἰκοδομεῖ) verbo usado na construção de prédios,usado metaforicamente ao caráter cristão ( 1 Tessalonicenses 5:11 )
2. Paulo aborda o saber aqui na terra é incompleto.Não importa o que um homem pensa que sabe,pois ele ainda não sabe o que deve.Não há do que se orgulhar quem sabe em parte ou incompleto.
"O conhecimento orgulha-se de ter aprendido tanto,a sabedoria humilha-se por não saber mais "
3. Paulo mostra que o amor tem efeitos permanentes.
Há aqui um giro de construção,bem paulino. " Se alguém ama a Deus é conhecido por Ele".
O importante não tanto conhecer Deus,mas ser conhecido por Ele ( 2 Timóteo 2:19 )
Paulo nestes versículos exorta aos que colocam o saber em posição demasiadamente elevada.
O amor antes que o saber deve constituir a consideração determinante do cristão.
4. Retornando ao assunto da comida oferecida,Paulo concorda com os coríntios que o "ídolo em si não é nada" ( ou que não exista nenhum ídolo no mundo) ,porém de acordo com ele mesmo em 10:20 afirma que o que é sacrificado à ídolos é sacrificado aos demônios,e que por trás dos ídolos há seres espirituais,logo não os seres imaginados por seus adoradores ( a irmã Sheila afirmou a mesma coisa em um dos seus comentários ).
Ele concorda em que os deuses cultuados pelos pagãos não são deuses,e que há um Deus somente.
( Uma das primeiras coisas ensinadas à um menino judeu era o "Shema" Deuteronômio 6:4)
5. Paulo examina mais a natureza do ídolo.
Ele admite que existe o que se chama "deuses",mas indicam uma irrealidade,não havendo diferença intencional entre "deuses e senhores"
6. O 'mas" ou "todavia" é uma oposição enfática,mostrando que os cristãos contrastam-se agudamente com os idólatras:são monoteístas.
Os pagãos dividiam a criação entre os seus muitos deuses e deusas,mais o Deus único é "responsável por todas as coisas",colocando o Filho no mesmo pé de igualdade com o Pai,sem se preocupar com a relação entre eles. ( Colossenses 1:15-16,João 1:3 )
7. Como fica o irmão "fraco" ( não é débil )
Paulo esteve falando co conhecimento que capacita o homem a considerar um ídolo como coisa nula,mas assinala aqui que esse conhecimento não é universal entre os crentes.Aqui não é uma contradição com o versículo 1,pois la ele afirma que o conhecimento não se restringe à elite coríntia,mas os cristãos em sua totalidade não o tem.
Ele expõe que há cristãos mais "fracos" que não alcançaram essa dimensão e viam o ídolo como real e não conseguiam desfazer desses pensamentos ( " com consciência do ídolo " )e por ter uma consciência fraca vem a contaminar-se e que pensavam que agiam mal quando comiam o que fora sacrificado
8,9. "Comida " traduz bem a palavra βρῶμα ,pois o ato de comer em si não é de muita importância,pois não é uma luta por um grande princípio,comer é algo indiferente,mas há uma recomendação ou apresenta : "tende cuidado com os fracos no exercício ( ἐξουσία) da sua liberdade ( direito , pois se causamos danos à alguém faz mau uso desta liberdade ).
Ele usa a palavra ( πρόσκομμα ) traduzida como "tropeço" ou uma pedra no caminho,um obstáculo,que dificulta o avanço.
"Os feitos dos fortes não pode estorvar o avanço dos fracos ".
Ninguém tem o direito de impor seus padrões do certo e do errado para outro,cuja consciência age diferente.
10,11. A consequência inevitável de quem exerce fortemente seus direitos é posta às claras,pois a consciência do fraco é estimulada.A palavra usada no versículo 1 aqui é irônica ou seja como um orgulhoso vai "edificar" um fraco?.Segundo Paulo só destrói.
a) O orgulho dos que se dizem fortes é o meio com que traz dano aos fracos.
."perecer"( ἀπόλλυται) aqui é "levar desgraça espiritual a"
. Induz o outro a pecar ( perecer aqui está no tempo presente )
. Ele usa um termo forte "fazer perecer o irmão por quem Cristo demonstrou o seu amor"
b) Pecar contra o irmão é pecar contra Cristo (12).
. A vocação cristã tem uma dignidade,e todos tem importância e devem ser honrados como membros do Corpo de Cristo
. "Feris ( τύπτοντες) significa "dar golpes vigorosos" ( dano feito pelos "fortes"
CONCLUSÃO
13. Paulo conclui que o cristão deve fazer o máximo para não atrapalhar os fraco,não somente quanto à "comida" mas em tudo.Se preciso ele não comerá carne.
O que importa não são nossos direitos ou comodidade mas o bem estar da comunidade
σκανδαλίζει "soltar a armadilhas","o pino que destrava a armadilha quando um animal toca nela"
O princípio aqui é claro : É sempre fácil para o cristão forte não ver dano de espécie nenhuma em ações que seria pecado se praticadas pelos fracos.O forte deve agir com o fraco sempre com consideração e amor,adaptando seus comportamentos às consciências dos fracos.
Essa visão é completada em Romanos 14
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