"COMO COMPORTAR-SE DIANTE DAS FALTAS PESSOAIS"
( Salmos 88 )
(LUIZ ROBERTO)
INTRODUÇÃO
Há um quadro famoso em que uma mulher empunha um facho de luz que representa a sabedoria humana,subjugando um Dragão e escreve no chão:"Vitória do espirito humano sobre a natureza"
Forças quando dominadas,tornam-se fontes de invenções valiosas.
O espírito humano revoltado causa danos sérios ao lindo jardim da alma,mas quando dominado leva o ser humano a níveis altos de aperfeiçoamento.
Assim conseguimos entender o apóstolo Paulo ao dizer: "Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus"(Romanos 8:28),isso inclui as imperfeições.
Nossas imperfeições(faltas) nas mãos de Deus,são como pedras preciosas que Ele transforma em "atos de humildade"
Entulhos para Deus são materiais que podem ser transformados para a edificação do edifício da perfeição
Assim como o fogo se alimenta de combustível,Deus pega as "misérias humanas",que levantam alto suas chamas de amor,chamado na teologia de "MISERICÓRDIA".
1. REVERTENDO AS MISÉRIAS HUMANAS
Deus reverte nossos desacertos em provisão espiritual e oportunidades para demonstrar sua bondade com base na sua misericórdia.
1.) As misérias humanas não nos deveria causar surpresas,tais quais causaram em Sansāo ( Juízes 16:20).Ele cortara todos os selos de compromisso com o Senhor(quebra os pactos).Enganado se enganou,ou tentou se enganar,confiou em sua força,que não mais existia,esqueceu-se de suas misérias.Fora que os frutos das nossas quedas são funestos para gostarmos.Logo não deveria haver espanto após queda.
Foi humilhado e torturado.Com olhos furados e com algemas de bronze,e é aqui que entra Deus na vida de alguém tido como imprestável e como uma bomba relógio o leva para Gaza(como o Cavalo de Troia de Deus para os filisteus )
Como precisamos ter "olhos furados" para olharmos apenas para dentro de nós
O que parecia trágico,foi a melhor coisa para Sansão:
. Pela primeira vez olhou com sinceridade para dentro de si,refletir sua vida e seu compromisso com Deus.
. Jesus disse: " se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a, pois é melhor entrares para a Vida mutilado do que, possuindo as duas mãos, ires para o inferno, onde o fogo que arde jamais arrefece. Naquele lugar, os teus vermes devoradores não morrem, e as chamas nunca se apagam. E, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, pois é melhor entrares para a Vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno" ( Marcos 9:43-44 )
. Paulo disse :Contudo, se nós tivéssemos a cautela de julgar a nós mesmos, não seríamos condenados.No entanto, quando somos julgados pelo Senhor, estamos sendo corrigidos a fim de que não sejamos condenados juntamente com o mundo.( 1 Coríntios 11:31-32 )A graça irresistível o fez desistir do seu EU.
A disciplina o corrigiu
Deus promoveu tudo para o bem de Sansão
Nossa desobediência não frustra os planos de Deus
Cego e preso,Deus o colocou no lugar onde ele deveria estar e fazendo o que deveria fazer:OLHAR PARA DENTRO DE SI.Esse olhar interno provocou o seu retorno
Juízes 16:22 fala do cabelo voltando a crescer após sua reflexão interna com os olhos furados,que assim com em Sansão,nunca nos deixa em nossas misérias,mas as transforma ou reverte em bençãos para as nossas vidas.O fracasso que trouxe vergonha,as falhas que trazem vergonha,tiram o sabor e a luz ( essência),que ridiculariza,são revertidas por Deus e nos transforma em heróis da fé(Sansão aparece na galeria dos heróis em Hebreus 11).Deus de um curto tempo uma vida mais eficiente de um longo tempo.A oração do versículo 28 é bem diferente da do versículo 18,da oralção altiva para um simples gemido(Lucas 18:9-14)
Quando confiamos em nós mesmos e não admitimos nossas fraquezas,queremos aprender fazendo,a lição é dura,pois perdemos visão,liberdade e até a vida
2. DISCIPULANDO HOMENS E NÃO ANJOS ( DESMASCARANDO A SI MESMO )
Nossas fragilidades são enfatizadas no "Pai Nosso" que nos recomenda pedir perdão "todos os dias",mas o nosso amor próprio sempre vivo nos vê como "anjos" e não como homens, assim como diz Pastor Gilberto em seu livro "Não sei discipular anjos,somos sérios candidatos a nos tornarmos demônios."Sou impotente na arte de apetecer anjos e compreender suas biologias assexuadas, somatizadas com suas naturezas incorruptíveis e suas puras existencialidades sensíveis!!!Lido com humanos, compreendo suas fragilidades emocionais e biológicas, me identifico com suas limitações psicológicas, e sou pecador como a todos os mortais!!!
Louvo a Deus por Cristo Jesus que sacrificou-se por mendigos na eternidade, presenteando-os os portais eternos como quintal de casa e o lago do esquecimento como estações passadas!!!O Sangue de Jesus é a única substância trans existente no cardápio mais sofisticado da ciência, capaz de sujar os pecadores e impotentes homens e torná-los mais belos que os anjos, mais brancos que a neve!!!
O amor-próprio natural de Adão, anterior à Queda, que para Tomás de Aquino é indiferente, é identificado por Jansenius como pervertido em concupiscência. Nicole, que descreveu o amor-próprio como um substituto hipocrítico do comportamento virtuoso.Para os trágicos gregos, no século V a. C., a prioridade do amor por si mesmo parecia evidente. Eurípides explica através de Medéia que é natural amar a si mesmo de preferência aos outros e que o amor de si é primordial (Medéia, 86).
Mas a reflexão filosófica antiga não se contenta com uma tal intuição: o “conhece-te a ti mesmo” délfico (que é em seu ponto de partida uma declaração teológica: “saiba que tu és mortal”) adquirirá sucessivamente um sentido moral .
Sócrates explica que aquele que se conhece reconhece que nada sabe, depois metafísico (em Platão) e político (em Aristóteles). Aristóteles designa o verdadeiro philautos, o amante de si mesmo (Et. Nic. IX, 8, 1168a29-30) ao passo que o estoicismo reabilita esse amor doméstico que faz com que eu habite meu corpo.Ovídio, no mito de Narciso: o divino Tirésias, consultado sobre o futuro da criança, havia profetizado uma longa vida si se non noverit, “desde que ele não se conheça”.Mas o jovem homem se enamora de sua própria imagem refletida numa fonte tranqüila; ele pensa tratar-se de um outro: não se pode a princípio falar de conhecimento de si mesmo.
Narciso despende tempo para descobrir que é a ele mesmo que ama. Inicialmente, ele mesmo, no caso de Narciso, é um outro. Mas sua morte pavorosa é causada pela tomada de consciência do amor impossível que experimenta por ele mesmo: “Eu me ardo por mim mesmo e excito o fogo que me devora.”Plotino vê nesse mito um convite a não se deter na imagem, mas considerar a realidade do alto a partir da qual as coisas daqui de baixo são apenas ícones: quem se inclina demasiadamente em direção às realidades visíveis cairá, como Narciso, nas torrentes da morte
Santo Agostinho responde em O Livro dos Espíritos: Um sábio da Antigüidade vos disse: ”Conhece-te a ti mesmo”.Tal aforismo, já inscrito no oráculo de Delfos, nos leva inicialmente a entender que a libertação e alegria do Espírito não consistem em um estado, mas em um processo de busca da verdade em si mesmo, o qual define-se, consoante a pedagogia socrática, em dois momentos: a ironia e a maiêutica.
Através da ironia, ou arte da interrogação, Sócrates levava o discípulo a afastar toda idéia falsa ou ilusão que tivesse do mundo e sobre si mesmo, induzindo-o a chegar à verdade por si mesmo. Tal procedimento visa inicialmente pôr a descoberto a vaidade, desmascarar a impostura e seguir a verdade. Ao atacar os cânones oficiais, a ironia socrática parece ter uma feição negativa e revolucionária, no entanto, esse primeiro momento do processo de autoconhecimento é autêntico, uma vez que visa à purificação da alma por via da expulsão de idéias obscuras e ilusórias que esta possui sobre si e que na verdade distanciam a alma de si mesma.
A melhor maneira de promover o autoaperfeiçoamento, afirma Sócrates, é por meio do autoexame, e é apenas através deste reencontro consigo mesmo que se torna possível o renascer da própria consciência, a parturição, ou seja, o trazer à luz as próprias idéias. Apenas aquilo que é decidido de dentro para fora é autêntico e pode nos libertar. Efetivamente, a posse da verdade consiste em uma operação não apenas vital, mas pessoal, em que a forma interrogativa ou dialética permite ao discípulo relembrar a verdade adormecida em sua alma.
É assim que Agostinho de Hipona nos descreve o itinerário dessa busca de autoconhecimento diante de tantos conflitos existenciais que afligiam sua alma quando, dilacerado pelas vaidades e paixões, desperta para as verdades cristãs.nessa ocasião, escreve Confissões, obra na qual dedica-se a perscrutar o abismo da consciência humana, mas o faz também em sua própria consciência.Agostinho inicia assim essa trajetória inicialmente conflitante buscando estabelecer a distinção entre o bem e o mal, para então inverter seu olhar da realidade mundana à interioridade, em uma conversão de valores.
Agostinho afirma o bem como a única realidade positiva, na medida em que o mal consiste em uma privação, decorrente do mau uso da liberdade: procurei o que é o mal, e verifiquei que não é substância, mas perversidade de uma vontade que se afasta da substância suprema — de Vós, meu Deus — na direção das coisas inferiores
Agostinho que, sem dúvida recomendou esse método, foi quem na verdade explorou essa busca de interioridade e a exemplificou em si mesmo, pois sempre buscou mergulhar dentro de si e conscientizar-se de seus erros e defeitos, conforme expõe de forma autêntica em Confissões:
"Quero recordar as minhas torpezas passadas, as corrupções de minha alma, não porque as ame, ao contrário, para te amar, ó meu Deus. É por amor do teu amor que retorno ao passado, percorrendo os antigos caminhos dos meus graves erros."
Efetivamente, após tantos conflitos interiores, o bispo de Hipona busca esse auto-exame de seu passado, busca essa interrogação ou ironia socrática, questionando a si mesmo, não por alguma motivação exterior a si, mas antes como uma forma de amar e exaltar a Deus. Como amar a Deus plenamente sem uma libertação da própria consciência que se julga? Eis aqui a moral autônoma que nos ensina a pedagogia espírita, na medida em que o Espírito se autolegisla, visando uma libertação da sua própria consciência. Daí o papel decisivo da memória no processo de autoconhecimento, pois é na memória que eu me encontro comigo mesmo, escreve Agostinho, que me lembro de mim mesmo, as coisas que fiz, a época e do lugar em que as fiz, do que sentia ao fazê-las.
O despertar para o amor impele Agostinho à sinceridade consigo próprio e para com Deus, pois à medida que o ser eleva-se moralmente, não mais se satisfaz em enganar a si mesmo. Por isso, quando resignados e elevados, a visão do passado constrangedor pede por manifestar-se como uma forma de libertar-se a si mesmo. A consciência autônoma só se liberta quando depara consigo mesma e se aceita. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará, afirma o amoroso mestre. O amor a Deus é impossível sem a autenticidade da alma para consigo mesma. Não basta à consciência a recompensa exterior farisaica. Recordar primeiramente consiste em apresentar-se à deusa8 do passado, segundo alegoria platônica, para então viver um presente consciente em função do futuro libertador
Ao infringir o senso moral, à lei imanente ao Espírito, é como se nos
distanciássemos da verdade, é como se dilacerássemos, pela vaidade, torpezas e
conflitos interiores, a unidade do amor que caracteriza a nossa essência. E esse
rompimento com a unidade desvia o Espírito de sua natureza substancial,
dispersando-o na contemplação exaustiva do mundo sensível.
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