terça-feira, 15 de junho de 2021

 PRESSUPOSICIONALISMO 


Com base na frase : " Creio,logo compreendo"

Ivan Til desenvolve a cosmovisão filosófica reformada


Resumo


Van Til em sua originalidade concentra um desenvolvimento numa apologética centrada em Deus, sem transigir, continuando sua comunicação com os incrédulos e vivendo um cristianismo autentico. Sendo seu objetivo centrado na ideia pressuposicional, seu alvo era mostrar que a cosmovisão cristã é a única racional e objetivamente válida. 


O cerne da abordagem e conceito da apologética de Van Til possui duas características: 

1) O apologista para argumentar e provar que as reivindicações não são coerentes devem assim dominar o terreno do incrédulo. 

2) O apologista convida, oferece ao incrédulo uma cosmovisão bíblica, o incrédulo reconhece o terreno cristão, então os argumentos são provados por um significado bíblico e assim são estabelecidos de forma coerente com as Escrituras..


Introdução


Cornelius Van Til (1895-1987), um dos apologistas mais originais e brilhantes do século 20, nasceu em Grootegast, Holanda (1895) e emigrou com a família para os Estados Unidos em 1905. Filósofo cristão e teólogo reformado, pastor da Christian Reformed Church e um dos professores fundadores do Westminster Seminary, em setembro de 1929, onde lecionou apologética até aposentar-se, em 1974. Ao longo da sua vida publicou 30 obras, entre as quais The Reformed Pastor and Modern Thought (1971), lançado no Brasil pela Cultura Cristã com o título O Pastor Reformado e o Pensamento Moderno (2010).


No tocante à disciplina, ele foi reformador, passando boa parte de seu tempo em desafiar as escolas existentes e articular a abordagem apologética que se tornou conhecida como “pressuposicionalismo”. 


Van Til sucintamente estabelece toda a sua filosofia em termos simples, mais profundos: "Hoje, de fato, estou convencido de que toda a história e a civilização seriam ininteligíveis para mim, não fosse pela minha crença em Deus. Isso é tão verdade, que me proponho a argumentar que se Deus não estiver na base de tudo, não se pode encontrar sentido em nada” .


Pressuposicionalismo – Cornelius Van Til


A verdade é que existe um abismo que separa as duas visões de mundo, entendendo essa distancia, incluindo que não há como estabelecer um terreno comum. 


A pergunta que nos resta a fazer é: Como então manter para a defesa da fé uma comunicação com os incrédulos? Que não tenha que recuar as exigências da sua própria posição? É nesse ponto que Van Til nos oferece uma linha que permite o dialogo apologético sem abrir mão de qualquer antítese das cosmovisões opostas.


Ele desenvolveu uma apologética que inicia em Deus, causando assim a comunicação com os incrédulos sem deturpar os conceitos firmados. De forma tão original e verdadeiramente teísta, foi acusado de fideísmo, se referido a uma visão que é conseqüência de uma atitude de fé, sem nenhum apoio de justificativas racionais ou evidencias. Tinha a critica das pessoas, como aquele que não podia discutir racionalmente em favor da fé cristã. Porém, isso não é coerente com esse apologista, nunca afirmou que os argumentos apologéticos, por si só pudesse conduzir alguém do ceticismo a fé. Não há como haver argumentos isolados e evidentes por si mesmo, fatos irracionais ou qualquer outra prova, pois ele acredita tudo isso pertencer a uma estrutura maior.


Denominando sua abordagem de "método indireto", afirmando que uma pessoa não pode ir direto aos fatos, como se fossem auto-evidentes. Van Til acredita que é preciso reconhecer seu fundamento e seguir a partir dele. É exigido que todas as idéias e argumentos sejam reconhecidos, partindo de uma idéia básica, uma estrutura que faz sentido. Sujeito a todo tipo de contestação quando essa estrutura não está em conformidade com a verdade das escrituras. 


Um dos exemplos preferidos de Van Til é a ideia que os incrédulos usam "óculos cor-de-rosa" para vê seu mundo, sendo assim visto por uma lente, através dela. Impossível a neutralidade, pois tudo em nossa consciência resulta de algum tipo de pressuposição, Van Til acredita com firmeza em fatos, provas, evidências, porém não de forma isolada.


Van Til, em Christian Apologetics, diz: "O ponto de partida, o método e a conclusão estão sempre implicados em no outro". Ao ouvir isso temos uma antítese, a questão diante disso será essa: seria possível construir essa ponte, uma comunicação em que podemos concordar com algum ponto, mesmo tendo nossas estruturas opostas com os incrédulos? 


Van Til faz uma de suas contribuições e afirma que a nossa constituição como imagem e semelhança de Deus, como a revelação natural que nos cerca, temos, portanto uma consciência de Deus. 

João Calvino chamou isso de "semente da religião" que Deus semeou em todos os homens.


Para Van til, isso é significado por um ponto que temos de “imediato contato" com os incrédulos. "No fundo da sua mente todo homem sabe que é uma criatura de Deus e é responsável perante Deus" . 


Então entendemos que é possível uma apelação para um profundo conceito de verdade sobre o conhecimento de Deus, no intimo de cada um, sem ceder a um terreno neutro comum.


Tudo se torna evidencia para a cosmovisão cristã, de acordo com a abordagem de Van Til, uma vez que tudo na criação proclama a obra de Deus, até nossa autoconsciência está enraizado no conhecimento de Deus. 


Essa abordagem é chamada "pressuposicional" porque procura ir além da superfície e desnudar as precondições do ponto de vista do outro, podemos concluir então que a pressuposição e evidencias constituem junto um argumento poderoso de evangelização para a verdade da revelação de Deus.


A fé subjetiva não é defendida por Van Til, nem o direito de ser diferente, porém a verdade objetiva, demonstrável é a mais coerente. 


Significando, portanto a visão de Van Til que é simplesmente bíblica, não é nem moderna nem pós-moderna. Quando olhamos a abordagem de Van Til do conhecimento, percebemos que não se inicia com noções filosóficas abstratas, o ponto de partida tem inicio com a teologia sistemática, destinada a ser uma estrutura das doutrinas bíblicas sobre Deus, a humanidade, a criação, a queda e a redenção em Cristo.


Van Til é justamente reconhecido por muitas idéias sensacionais, que perdem seu efeito se forem isoladas da grande ênfase dada à redenção, que permeia sua obra. 


Sua grande ênfase na antítese entre crença e descrença, o lugar da graça comum, sua oposição à “metodologia casamata" 

(construindo um caso, um passo de cada vez, do reino da “razão” para o reino da “fé”), esses elementos não podem se sustentar sozinhos.


A história do evangelho contém todos esses elementos e torna-se uma forma solícita para evangelização o que de fato é apologética para Van Til.


Na sua cosmovisão cristã o que emana é o cristianismo bíblico, partindo de uma teologia reformada, com todos os argumentos pautados e referidos biblicamente. 


A crença de Van Til de que a “Apologética defende o cristianismo tomando como um todo”; o fato de que a “Apologética deveria ser perseguida numa forma aprendida”; o ensino que a “Apologética e Teologia são interdependente”; e que “Teologia e Filosofia não podem ser severamente separadas” (como oposto ao dogma Católico Romano); seu compromisso com a máxima Agostiniana de que “Razão e Fé estão ambas unidas em submissão pactual à Escritura”; sua alegada aderência ao testemunho reformado (como expresso na CFW) de que a “Escritura carrega sua própria evidência em si mesma”; sua afirmação da “impossibilidade da neutralidade” entre o cristianismo e outras cosmovisões; e suas “comparações e criticas dos métodos apologéticos”. 


Van Til analisa a afinidade da apologética com os principais conceitos da fé reformada, sobretudo, da teologia sistemática (teontologia, antropologia, cristologia, soteriologia, eclesiologia e escatoloia), pois é a disciplina que mais interage com a apologética. 


Ele observa que a cosmovisão cristã reformada é completamente distinta das demais, visto que é a única capaz de alcançar pleno significado para a vida. De acordo com Van Til, existem ofensas e equívocos nas teologias rivais e teorias não cristãs.


A cosmovisão cristã reformada tem para Van Til uma rica aproximação com a “filosofia cristã”, ainda que em um esboço genérico. Abas com a necessidade de apresentar uma visão da vida e do mundo de forma completa. 


Do mesmo modo que, a ciência e teologia estão associadas, de fato, sem as bases das pressuposições cristãs a ciência se torna inadequada, sendo assim, tanto a ciência como a filosofia dependem de pré-requisitos fornecidos pelo cristianismo para a correta interpretação do mundo e dos fatos da existência.


No centro da apologética “vantiliana”( Ivan Til), há durevelacional.dois princípios. 


1) Chamamos o primeiro de “método indireto”. Impossibilitando o dialogo com aqueles que na estão sob a mesma realidade de visão. Uma teologia natural para Van Til não é base para pressupostos, não tem como construir uma base em cima de uma teologia racional, deve-se ser revelacional. 


 2) Chamamos o segundo de analogia. 

Para Van Til significa uma expressão que resume um modo de pensar que quer permanecer fiel a Deus o criador. Não existe a possibilidade de interpretar a realidade se não for pela revelação de Deus. Evitar a idéia que podemos raciocinar com a lógica exclusivamente humana. 


De acordo com Van Til, no entanto, à luz do principio da analogia, você pode aceitar esta aparente contradição sem cair no irracionalismo, porque nosso conhecimento de Deus depende disso e não é autônomo. 

Van Til pondera sobre como fazer para defender essa cosmovisão diante dos incrédulos, para isso, ensina e analisa o “ponto de contato” adotado por outras teologias e conclui com a posição Cristã reformada.


Esse “senso da divindade” para Van Til faz toda a diferença, recorrer para a afirmação bíblica acerca do conhecimento de Deus disponibilizado na criação e também implantado no homem natural. 


È posto como ponto de contato por excelência, o homem. Pelo fato de que é criada a imagem de Deus, de forma que para o pensamento vantiliano, esse ponto de contato é o único que “escapa ao dilema da ignorância absoluta ou onisciência absoluta”. 

Conclui então que a mente humana é “inerentemente revelacional”, não auto-suficiente nem totalmente capaz de conhecer.


É interessante também afirmar a abordagem apologética utilizada por Van Til no que discerne em conduzir o homem ao conhecimento da verdade, para ele, não há como o apologeta de confissão reformada concordar com a metodologia do incrédulo, pois o método cristão-reformado defende a cosmovisão proveniente do cristianismo como realmente é. 


Empregado um método da argumentação por pressuposição, Deus pela sua soberania e conselho dirigiu todos os fatos à verdade sob seu regulamento. 


É destacado o método “indireto de raciocínio por pressuposição”, uma vez que discorda do homem natural e não recorre a uma discussão direta de “fatos” e “leis”. 


A questão da autoridade e razão, Van Til afirma que o homem natural entende e posiciona a autoridade. 


Principio de autoridade conforme as Escrituras, para o apologista, a Escritura afirma a sua autoridade absoluta como a única luz para interpretar os fatos da realidade e fornecer a sua real relação com a plenitude da existência, de forma alguma a sujeitando sobre a razão. 


Dando conta da idéia, de que é a própria razão que deve achar a sua função à luz das Escrituras. 

Afinal, o homem não é autônomo e sua razão, sofreu os efeitos noéticos da queda, fazendo assim à sujeição a verdade absoluta, à revelação sobrenatural de Deus, as Escrituras Sagradas.


Enfim, notamos a supremacia do pressuposcionalismo, como forma de abordagem apologética integral, nossa fé exige que “estamos sempre prontos” (1Pe3.15) para responder as perguntas que nos cercam. 


O pressuposicionalismo, portanto, surge como uma voz diferente do racionalismo e da desconstrução. Conhecer e buscar entender a vontade de Deus, expressa e expandida em Sua Palavra. A aplicação da apologética vantiliana é aqui relevante e original.


             

REFERÊNCIAS


VAN TIL, Cornelius. Apologética cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2010. Original em inglês: Christian apologetics. 2. Ed. Org. William Edgar. Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 2003.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Identidade do verdadeiro discípulo

                           IDENTIDADE DO VERDADEIRO DISCÍPULO ( João 15:1-8 )


É um monólogo,uma instrução sobre a identidade dos discípulos,ou ontologia do discípulo diante do mundo:

. Ser encontrado por Jesus e estar em Jesus ( João 15:5 ) 

. É essa relação ontológica ( elimina qualquer ação humana )

  - Não é uma decisão ética ( discipulado não é um mero moralismo )

  - Não é uma decisão psicológica ( discipulado não é relativismo de conveniências )

  - Não é uma decisão intelectual ( discipulado não são conceitos ,pois toca na fecundidade da vida 

Ele deixa um testamento cuja pauta principal é : Permanecei em mim

Para melhor compreensão Jesus usa a figura da Videira

. Os ramos não fazem a Videira existir,ela os precede 

. Ela existe antes e além dos ramos não por meio deles e por eles

. A fonte de toda espiritualidade está em Jesus ser o meu Salvador,ou seja minha relação direta com Ele ( Videira e Ramos )

. O ponto é uma total dependência de Cristo

. Muito igual à gênese de Filipenses 3:1-16 ( verso 3 )

- A circuncisão marcava a entrada ( gênese ) na promessa de Abraão

- O despojamento ( circuncisão espiritual em Cristo ) marca a entrada ao discipulado ( Fil 3:3) ( Romanos 2:29 ) ( Jeremias 4:4 ),sem confiar na carne ( sistemas de valores humanos,mais que afetivos e psíquicos ,mas um estilo de vida)

- Não viver de si,por si ou para si mas para Cristo

- Isso só é possível por um chamado de Deus

- Uma vida sem confiar na carne 

- Isso vai determinar toda existência do discípulo

- Você até pode ter uma capacidade,mas tudo que vem da carne,para Deus nada é e comprova que há falsidade

- Paulo tinha todos os motivos para confiar na carne e não confiou ( Filipenses 3:4-6 )

- Ele dá 7 motivos pra confiar na carne ,mas não confiou :

4 herdadas ( circuncisão na infância,judeu de nascimento,ser da tribo de Benjamim,raça hebraica)

3 conquistas ( ser fariseu,perseguidor da igreja,irrepreensível )

Ele é um discípulo por ter sido chamado sobrenaturalmente

- Ter mudado a ótica dos valores das coisas :

.Por causa de Cristo ( superioridade )

.Por ter conhecido a Cristo ( exclusividade )

.Por ter sido alcançado por Cristo ( intensidade )

O novo nascimento só feito por Ele 

. Há uma mudança de investimento e na estratégia de investimento : crucificado ( Gálatas 6:14)

 - Qualquer uma que não seja Cristo é prejuízo

Filipenses 3:8-11  A gênese do discipulado

2. Características interiores : Permanecer no amor ( verso 9 )

O amor de Jesus com o Pai sendo Ele o lugar  e modelo para os discípulos ( João 15:9-17 )

Os versos 9-10 são como ponte para  ou seja 

Permanecer no amor :

Amar

Amar recíproco

Guardar mandamentos

A linguagem agrícola cessa,surgindo conceitos 


3 . A vida praxis do discipulado (12-17) Vínculo dos discípulos entre si




João quer que o discípulo tenha um juízo de si mesmo,da sua situação e da sua conduta

 - A parábola é um símbolo,onde a realidade é anterior a ideia 

   ( na alegoria se expressa uma ideia em forma de imagem )

A condição de "ser discípulo " é permanecer Nele ( Videira=Jesus )

A praxe do discipulado tem por base 

."permanecer no amor" 

."guardar os mandamentos"

." amar-se reciprocamente"

terça-feira, 1 de junho de 2021

A boa é a má tristeza

A BOA E A MÁ TRISTEZA ( 2 Coríntios 7:10 )

A tristeza tem como fontes : 

1)Deus   

2) mundo

Então ela pode ser boa ou má,mas como vamos detectar quando é uma ou outra?

Se observamos seus efeitos detectaremos, mas de antemão já sabemos que ela produz mais mau do que bem.

Ela só produz 2 efeitos positivos : 

1) A misericórdia 

2) Piedade

Ela produz 6 efeitos negativos : 

1) Medo 

2)Preguiça 

3) Indignação 

4) Ciúme 

5) Inveja 

6) Impaciência

Ditado popular : "A tristeza mata a muitos e a ninguém salva"

É uma fonte que gera :

2 rios com águas boas.  

6 rios com águas ruins .

Satanás faz da tristeza um dos seus ardis para desanimar e desesperar a alma e assim começa a perturbá-la. 

Ele usa nossas falhas para :

Ferirmos a Majestade divina

Ultrajar a beleza infinita  

Ferir o coração do mais terno dos pais

Devemos nos entristecer para gerar um verdadeiro arrependimento

Não uma tristeza aflitiva cheia de despeito e indignação.

Conclusão

O arrependimento verdadeiro é calmo,como todo sentimento que procede do Pai ( 1 Reis 19:11)

A tristeza chega justamente no ponto onde principia a inquietação e a perturbação para ocupar o lugar da tristeza boa

A má tristeza além de perturbar a alma :

1. Incute receios desregrados

2. Desgosta-a da oração

3. Impede-a de tirar proveito dos bons conselhos

4. Impede-a de formar juízo

5. Impede-a de ter coragem 

6. Abate as forças 

Ilustrando :  É COMO UM INVERNO ÁSPERO:

. ENREGELA TODA A FORMOSURA DA TERRA,
. ENTORPECE OS ANIMAIS
. PRIVA A ALMA DE TODA SUAVIDADE ATROFIANDO TODA A ATIVIDADE
.TORNANDO-A INIBIDA E TOLHIDA EM SUAS FACULDADES.